A Justiça do Rio Grande do Sul condenou, nesta terça-feira, 10, Dilson Alves da Silva Neto, conhecido como Nego Di, e o empresário Anderson Bonetti a 11 anos e 2 meses de prisão por crime de estelionato.

A decisão, divulgada pelo tribunal gaúcho, refere-se a golpes aplicados na loja virtual “Tadizuera”. Segundo a sentença, ambos atraíam consumidores com oferta de produtos abaixo do valor de mercado e não entregavam as mercadorias, conforme reportagem da CNN Brasil.

O processo aponta 16 vítimas de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, mas a investigação da Polícia Civil indica 370 pessoas lesadas. A acusação descreve que Nego Di e Bonetti anunciavam TVs, aparelhos de ar-condicionado e celulares com preços muito inferiores aos praticados, recebiam pagamentos e não concluíam entregas.

Nego Di foi preso em caráter preventivo em julho de 2024 e ficou quatro meses detido na Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan). Ele obteve liberdade provisória em novembro do ano passado. Ao deixar o presídio, limitou-se a dizer:

“Deus é o maior”

Durante seu período em liberdade, a então advogada de Nego Di, Tatiana Borsa, publicou foto ao lado do cliente, legenda: “Como esperamos para postar este retrato”. A imagem foi removida das redes, mas a divulgação levou o juízo responsável pela liberdade provisória a advertir o humorista de que “cabe a ele zelar pelo cumprimento eficaz das condições impostas na decisão judicial que deferiu, liminarmente, a sua liberdade provisória”.

Com autorização judicial concedida em dezembro, Nego Di mudou-se para Palhoça, na Região Metropolitana de Florianópolis, em Santa Catarina. A mudança foi comunicada ao juízo que acompanha seu cumprimento de liberdade.

Funcionamento do golpe

As investigações detalham que o anúncio de produtos com valores abaixo do mercado era estratégia para atrair clientes. Em mensagens privadas obtidas pela CNN, Nego Di escreveu a uma vítima:

“a loja era dele, mas, que durante o processo de entrega dos produtos acabou tendo um problema, justificando a demora”

Segundo relatos, o humorista chegou a efetuar entregas iniciais, criando sensação de segurança. Em seguida, lançou nova etapa de vendas, ampliando o número de vítimas. A Polícia Civil detectou prazo de 50 dias estipulado para entregas, usado como argumento para postergar devolução de valores e manter o fluxo de vendas.

Quebra de sigilo bancário revelou movimentações superiores a R$ 300 mil em curto período, elemento que contribuiu para a configuração do crime de estelionato, segundo a sentença.

Registros em vídeo

A análise de vídeos pelas autoridades mostra Nego Di exibindo resultados do esquema. Em um registro, ele aparece dentro de um BMW, dizendo:

“ninguém mandou comprar televisão”
“ninguém mandou comprar ar-condicionado”
“olha a TV aí”

Em episódio de podcast, o humorista menciona: “lancei uma promoção” de ar-condicionado e confirma ser proprietário da loja. No mesmo programa, justifica ausência de entregas com “usuário não encontrado”, alegando que a loja não localizava destinatário para coleta.

Reação da defesa

Após publicação da decisão, a advogada Camila Kersch, responsável pela defesa de Nego Di, informou que irá recorrer:

“Irá interpor todos os recursos cabíveis contra as denúncias”

Kersch acrescentou que confia em reavaliação das instâncias superiores, considerando “os vínculos processuais, além do comportamento de Dilson ao longo do processo”.

Próximos passos

Com a sentença em primeira instância, a defesa de Nego Di e Bonetti deve apresentar recursos ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Até a definição de instância superior, ambos permanecem em condições de recorrer em liberdade provisória. O desfecho de recursos poderá confirmar ou alterar a duração da pena e as condições de cumprimento.

O caso ganha repercussão nas redes sociais e em imprensa nacional, levantando questionamentos sobre uso da imagem de influenciador digital para obtenção de vantagem ilícita e o papel da Justiça no controle de crimes virtuais que envolvem grandes grupos de consumidores. O tribunal gaúcho ainda não definiu prazo para análise dos recursos.

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Last Update: 11/06/2025