Bolsonaro prestando depoimento ao STF. Foto: reprodução

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, durante depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre sua tentativa de golpe de Estado após perder as eleições de 2022, que as eleições no Brasil deveriam ser como as do Paraguai. Ele parece ter se esquecido, porém, que o ex-candidato à Presidência Payo Cubas, conhecido como “Bolsonaro paraguaio”, foi preso por acusar fraude no pleito, assim como o ex-presidente faz no Brasil. O interrogatório ocorre nesta terça (10) e é conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes.

“No Paraguai a eleição é, no meu entender, ideal, com papel na urna. Como foi nas últimas eleições até na Venezuela, que foi permitido notar que algo anormal estava acontecendo”, justificou o réu.

Membro do partido de extrema-direita Cruzada Nacional, Payo Cubas sempre se apresentou como um candidato “antissistema”, rejeitando as instituições e com um discurso centrado na intolerância e no combate à corrupção.

Ele também se comunica com seus eleitores principalmente por meio das redes sociais, o que o aproximou do bolsonarismo no Brasil e dos seguidores de Javier Milei na Argentina.

Payo Cubas, preso por questionar eleições no Paraguai, fazendo gesto de arminha. Foto: reprodução

Depoimento

O ex-presidente havia prometido “falar por horas” e exibir vídeos em meio ao depoimento, mas Moraes negou o pedido de sua defesa para expor os conteúdos, apontando que o interrogatório não é o momento adequado para a apresentação de novos materiais.

A oitiva integra as investigações sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Bolsonaro já havia sido citado em outros inquéritos e agora responde como réu por organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

Por que Bolsonaro depõe ao STF

Bolsonaro se tornou réu junto de sete aliados em março deste ano por incitar e participar de uma trama golpista, que previa o assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e de Moraes, para anular o resultado das eleições de 2022.

A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta que o ex-presidente teria participado de articulações para invalidar o resultado eleitoral, usando sua posição para tentar mobilizar setores das Forças Armadas, aliados e apoiadores.

O inquérito inclui investigações sobre reuniões com militares, minuta de decreto de golpe encontrada com aliados, ataques ao sistema eleitoral e discursos que incentivaram os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Bolsonaro é o sexto réu a depor no processo. Já participaram de interrogatórios, desde esta segunda (9), o tenente-coronel Mauro Cid, o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o general Augusto Heleno.

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Last Update: 10/06/2025