Almirante Garnier afirma que Bolsonaro só demonstrou preocupação com segurança dos quartéis e jamais falou em ação fora da Constituição


Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, negou ter colocado tropas da Força à disposição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para qualquer tentativa de golpe de Estado. Segundo ele, a única preocupação relatada por Bolsonaro era com a segurança dos quartéis devido à presença de manifestantes nas proximidades.

Garnier foi enfático ao declarar ao ministro Luiz Fux que nunca utilizou a expressão de disponibilizar a Marinha para o ex-presidente. “Nunca usei essa expressão”, afirmou. O ex-comandante também confirmou a realização de uma reunião com outros líderes das Forças Armadas, mas descartou que o assunto tratado fosse uma minuta golpista.

Preocupação com segurança, não com golpe

Durante o interrogatório, Garnier explicou que Bolsonaro apresentava análises e preocupações, mas não propostas concretas para uma ação extralegal. “Eu não me recordo que ele [Bolsonaro] tenha dito isso nessa reunião [sobre colocar à disposição tropas da Marinha]. O brigadeiro Batista Júnior não estava presente. Eu não falei que colocaria as tropas da Marinha à disposição. O presidente expôs preocupações e análises, mais do que propriamente ideias de conduzir algo. A preocupação era com a segurança pública [com as pessoas nos quartéis]”, declarou.

O almirante também abordou o tema das urnas eletrônicas, afirmando que não é um crítico do sistema, mas defendeu que questionamentos dentro da legalidade são legítimos em uma democracia. Para ele, a transparência nos processos eleitorais é essencial para garantir confiança e evitar crises.

Defesa de maior transparência eleitoral

Garnier destacou que sua posição sempre foi a favor de mais auditorias e verificações nos sistemas de votação, não como forma de descredibilizá-los, mas para fortalecê-los. “O que defendi é que, quanto mais transparentes os processos, maiores serão as garantias de transições pacíficas. Além de oficial da Marinha, fui gerente de projetos, tenho conhecimento em tecnologia. Sei que, quanto mais auditorias e verificações um sistema passa, maior é a certeza de que ele funcionará conforme foi planejado. A minha defesa é que, quanto mais auditoria, melhores serão os resultados”, explicou.

As declarações do ex-comandante reforçam sua postura de que as Forças Armadas devem atuar dentro da legalidade, sem envolvimento em ações que possam ameaçar a ordem democrática. O depoimento integra as investigações sobre supostos atos golpistas durante o governo Bolsonaro.

Com informações de Metrópoles*

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Last Update: 10/06/2025