O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes pediu, em tom de brincadeira, que o advogado do ex-ministro da Justiça Anderson Torres não o provocasse durante o interrogatório de seu cliente, nesta terça-feira 10. É o segundo dia de oitivas dos réus do chamado núcleo crucial da tentativa de golpe de Estado.
À época dos ataques golpistas de 8 de Janeiro de 2023, Torres era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Na véspera dos atos, porém, ele chegou ao Estados Unidos, em uma viagem com a família.
O advogado Eumar Novacki perguntou a Torres se a Polícia Militar tem “subordinação completa” à secretaria.
“Doutor, não provoca”, intercedeu Moraes, sorrindo. Torres, por sua vez, afirmou que, ao contrário do que ocorre em São Paulo — onde Moraes já foi secretário de Segurança Pública —, a PM é ” subordinada diretamente ao governador do Distrito Federal”.
“No interrogatóirio, o juiz não pode contraditar o réu. É a sorte do senhor, doutor”, finalizou Moraes, ainda em tom de brincadeira.
Em 28 de maio, na etapa de depoimentos de testemunhas, Novacki fez a mesma pergunta a Torres — naquela ocasião, Moraes também respondeu de forma irônica.
“O secretário de segurança é uma rainha da Inglaterra aqui?”, devolveu o ministro na oitiva do coronel da PM Rosivan Correia de Souza, listado como testemunha por Torres.
“Eu não diria uma rainha da Inglaterra, mas, aqui, atualmente, a gente até tem uma vinculação que é mais forte. Hoje, existe até mais questão de subordinação”, disse Rosivan. “Tem um vínculo com a secretaria. Seria uma certa subordinação.”