Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, em depoimento ao STF. Foto: reprodução

Em negação sobre todas as acusações, o bolsonarista Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (PL), explicou em depoimento à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (10), porquê não entregou seu celular à Polícia Federal quando foi preso em 2023. Ele alegou ter perdido o aparelho nos Estados Unidos quando soube que havia um mandato de prisão contra ele.

No início de janeiro daquele ano, após encerrar sua passagem pela pasta, ele assumiu a Secretaria de Segurança do Distrito Federal, do governo de Ibaneis Rocha. No entanto, viajou para os Estados Unidos na sexta-feira, 6 de janeiro, deixando o posto sem comando durante os atos golpistas do 8 de janeiro.

“Eu perdi meu telefone. Naquele momento, o mais duro da minha”, iniciou sua justificativa se lamentando pelo pedido de prisão emitido contra ele. “Eu com três crianças pequenas nos Estados Unidos, saí daqui como secretário de Segurança e saiu minha prisão no dia 10. Eu fiquei completamente transtornado, não tenho vergonha de falar”.

O bolsonarista também afirmou viajou ao exterior para realizar “um sonho das crianças”, mas que “isso virou um pesadelo”. “Também perdi uns dólares e isso foi muito ruim para a minha defesa. Eu não tinha nada a esconder”.

Intervenção nas eleições de 2022

Ministro da Justiça, Torres também é acusado de comandar a Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante as operações realizadas majoritariamente em rodovias no Nordeste no dia do segundo turno das eleições. A estratégia, segundo a investigação, era uma tentativa de impedir eleitores do então candidato Lula (PT) de chegarem aos locais de votação.

No depoimento, ele atribuiu a estratégia somente à Marília Ferreira de Alencar, então diretora de Inteligência do Ministério da Justiça. Ela foi a única mulher denunciada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), junto com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros 32 acusados, por tentativa de golpe de Estado.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou na denúncia enviada ao STF que Marília integrou o grupo que tentou “sustentar a permanência ilegítima” de Bolsonaro na Presidência.

“Em um segundo plano, os denunciados com posições profissionais relevantes gerenciaram as ações elaboradas pela organização. Silvinei Vasques (ex-diretor-geral da PRF), Marília Ferreira de Alencar e Fernando Sousa de Oliveira coordenaram o emprego das forças policiais para sustentar a permanência ilegítima de Jair Messias Bolsonaro no poder”, diz a denúncia.

Depoimentos

O julgamento do “núcleo 1”, separado assim pela Procuradoria-Geral da República (PGR), começou por Cid dado o seu acordo de delação premiada. Após o militar, os demais investigados, incluindo o ex-presidente Bolsonaro, vão depor seguindo uma ordem alfabética, sendo:
– Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin), que já depôs;
– Almir Garnier Santos (ex-comandante da Marinha), depondo no início desta terça-feira;
– Anderson Torres (ex-ministro da Justiça);
– Augusto Heleno (ex-GSI);
– Jair Bolsonaro (ex-presidente);
– Paulo Sérgio Nogueira (ex-Defesa);
– Walter Braga Netto (ex-Casa Civil).

Braga Netto, único que não estará presente fisicamente por estar preso no Rio, será interrogado por videoconferência com sua imagem exibida em telão.

Acompanhe o depoimento de Garnier ao vivo: 

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Last Update: 10/06/2025