As exportações de elementos de terras raras pela China caíram significativamente no mês de maio, com uma redução de quase 50% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

A queda ocorre em um contexto de crescente tensão nas negociações comerciais entre Pequim e Washington, com os controles de exportação chineses sendo vistos como uma ferramenta estratégica nas negociações.

De acordo com os dados divulgados pela Administração Geral das Alfândegas da China, o valor das exportações de terras raras em maio foi de US$ 18,7 milhões, o que representa uma queda de 48,3% em relação ao ano passado. O valor também mostra uma redução mensal de 13,7%, em comparação aos US$ 21,7 milhões exportados em abril.

Em termos de peso, a China exportou 5.864,6 toneladas de terras raras em maio, o que significou uma diminuição de 5,67% em relação ao ano passado, encerrando três meses consecutivos de crescimento nas exportações desde fevereiro.

No entanto, o total acumulado de exportações de terras raras nos primeiros cinco meses do ano ainda superou o volume do mesmo período de 2022, com um aumento de 2,3%, totalizando 24.827 toneladas.

Impacto na Cadeia de Suprimentos Global

Os elementos de terras raras desempenham um papel fundamental na fabricação de dispositivos tecnológicos, como smartphones e equipamentos militares, incluindo jatos de combate.

Os Estados Unidos, que dependem da China para cerca de 70% de suas importações desses elementos, enfrentam potenciais riscos para suas cadeias de suprimentos, devido à dependência crítica dessas matérias-primas.

Apesar de um acordo recente em Genebra entre as autoridades comerciais de ambos os países, no qual Pequim concordou em “suspender ou remover as contramedidas não tarifárias contra os EUA desde 2 de abril”, a China manteve os controles de exportação sobre elementos de terras raras médios e pesados. Esses controles foram anunciados em abril e continuam a impactar o fluxo de recursos essenciais.

Repressão à Mineração Ilegal e Possibilidade de Negociações

O governo chinês também intensificou a repressão à mineração ilegal de terras raras em várias regiões do país, com ações voltadas para garantir que os recursos sejam extraídos de maneira controlada e regulamentada.

Ao mesmo tempo, o Ministério do Comércio da China anunciou que havia aprovado pedidos qualificados de exportação e expressou disposição para dialogar com os países relevantes sobre os controles de exportação, indicando que Pequim está aberta a negociações no setor.

Charles Chang, professor de finanças da Universidade Fudan em Xangai, destacou que as restrições impostas pela China podem resultar em gargalos nas cadeias de suprimentos de outros países, incluindo os EUA. “Eu acho que são os fabricantes que têm que recuar”, disse Chang, destacando as dificuldades que as indústrias enfrentam diante da escassez de materiais essenciais.

Próximos Passos nas Negociações Bilaterais

Representantes comerciais dos Estados Unidos e da China devem se reunir em Londres na próxima segunda-feira para discutir questões pendentes, com os controles de exportação de terras raras provavelmente ocupando um lugar de destaque nas discussões.

Essa reunião segue uma conversa recente entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente chinês, Xi Jinping, e visa aliviar as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo.

Charles Chang também ressaltou que, em qualquer negociação envolvendo recursos essenciais, a parte que controla o fornecimento tem a vantagem. “Normalmente, é o cara com o recurso procurado que tem vantagem”, afirmou, indicando que a China, como grande produtora de terras raras, pode exercer uma pressão significativa nas negociações comerciais.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 09/06/2025