
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), revelou novos detalhes sobre as tentativas do ex-presidente de investigar supostas fraudes nas urnas eletrônicas em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (9). Segundo Cid, Bolsonaro pediu ao então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, que recebesse o hacker Walter Delgatti e a deputada Carla Zambelli (PL-SP) para discutir o assunto.
De acordo com o depoimento, Zambelli agendou uma primeira reunião entre Bolsonaro e Delgatti no Palácio do Alvorada. “O ex-presidente queria saber sobre quais as possibilidades de as urnas serem fraudadas e como descobrir possíveis fraudes, a intenção era ter um ponto de vista técnico”, afirmou Cid.
Após esse encontro, Bolsonaro teria solicitado que o Ministério da Defesa recebesse Zambelli e o hacker para aprofundar as discussões. O militar confirmou que a reunião ocorreu, mas não soube informar se Paulo Sérgio Nogueira participou pessoalmente. “Acho que foi com um general, logo abaixo dele [na pasta], que estava cuidando desse tema das urnas”, explicou o tenente-coronel.
Bolsonaro mandou o ministro da Defesa receber o hacker contratado pela Zambelli para sabotar as urnas. Tem como ser mais golpista que isso? O hacker não é só da Zambelli, é do Bolsonaro também. Vai, Mauro Cid, cagueta tudo no interrogatório. pic.twitter.com/xKQPEh3ZiL
— GugaNoblat (@GugaNoblat) June 9, 2025
Cid também declarou que, apesar de todos os levantamentos e estudos realizados, não foi identificado qualquer indício de fraude nas urnas após as eleições de 2022.
No entanto, segundo seu primeiro depoimento à Polícia Federal, confirmado nesta segunda-feira, Bolsonaro trabalhava com duas hipóteses: “A primeira seria encontrar uma fraude nas eleições e a outra seria, por meio de um grupo radical, encontrar uma forma de convencer as Forças Armadas a aderir ao golpe de Estado”, diz o trecho lido por Moraes e confirmado por Cid.
O tenente-coronel afirmou que as conversas sobre o tema não eram claras, portanto a interpretação da intenção de golpe coube a ele. “Não era algo tão explícito assim”, disse. “Sempre se teve a ideia de que pudesse, até o fim do mandato dele, aparecer uma fraude real nas urnas”. Cid também relatou que reforçou a outros militares que não havia evidências de irregularidades.
Segundo o depoente, os relatórios produzidos pelos militares após as eleições de 2022 continham apenas estatísticas que não comprovavam nenhuma fraude.
#MauroCid afirmou ao #STF que #Bolsonaro cogitava duas opções após as #eleições de 2022: encontrar fraude nas urnas ou contar com apoio das Forças Armadas para um golpe de Estado.
“Até o fim do mandato, não foi encontrada nenhuma prova concreta”, disse Cid. pic.twitter.com/Urtn9sizwc
— Migalhas (@PortalMigalhas) June 9, 2025