A crise institucional nos Estados Unidos se intensificou neste domingo, 8, quando o secretário de Defesa, Pete Hegseth, anunciou que fuzileiros navais estacionados em Camp Pendleton, na Califórnia, estão em “alerta máximo” e prontos para agir, caso os protestos em Los Angeles se tornem mais violentos.

A medida segue o envio de 2.000 membros da Guarda Nacional à cidade, por ordem do presidente Donald Trump, em resposta aos protestos contra sua política de imigração, que já duram três dias. A informação foi divulgada pela agência Reuters.

Hegseth declarou: “Se a violência persistir, os fuzileiros navais poderão ser mobilizados a qualquer momento.” O envio de tropas, no entanto, gerou fortes críticas por parte do governador da Califórnia, Gavin Newsom, que classificou a ação como ilegal e afirmou que tomará medidas judiciais.

“Esses são atos de um ditador, não de um presidente”, afirmou Newsom em entrevista à MSNBC, alegando que Trump “fabricou a crise” para justificar o uso da força.

Protestos e Confrontos Crescem em Los Angeles

As manifestações em Los Angeles ganharam força após a intensificação das operações de deportação em massa promovidas pelo governo Trump. No domingo, a polícia local prendeu pelo menos 10 pessoas e registrou confrontos em diferentes regiões da cidade.

No sábado, 29 manifestantes foram detidos. Cenas de tensão foram registradas, com viaturas cercadas, veículos incendiados e confrontos com a polícia montada. Alguns bloqueios chegaram a interromper a rodovia 101, uma das principais vias de Los Angeles.

O Comando Norte dos EUA informou que a Guarda Nacional foi enviada para proteger instalações federais e agentes em serviço. Cerca de 300 soldados já foram posicionados em três pontos estratégicos da cidade. Imagens divulgadas mostram os soldados, acompanhados por agentes do Departamento de Segurança Interna, diante de prédios federais. A missão não inclui atividades de policiamento direto.

Tensão Legal e Política

Trump justificou o envio da Guarda Nacional com base no Título 10 do Código dos EUA, que autoriza o uso da força federal para conter rebeliões ou proteger propriedades federais. No entanto, a legislação também exige que as ordens para o uso da força federal sejam aprovadas pelos governadores estaduais, algo que não ocorreu neste caso.

O governador Newsom declarou: “A decisão de Trump é claramente uma violação da soberania do estado” e afirmou que entrará com uma ação judicial para contestar a mobilização das tropas sem a autorização estadual.

Enquanto isso, o presidente intensificou sua retórica, classificando os manifestantes como “gangues insurrecionistas violentas” e afirmando que sua administração tomará “todas as medidas permitidas” para conter os protestos. Em um comentário nas redes sociais, Trump disse: “Eles cospem, nós batemos.”

Cenário de Conflitos e Reações Internacionais

Os protestos também envolveram atos de violência, com carros da Waymo, empresa da Alphabet, sendo incendiados por manifestantes. Grupos de protestantes gritaram “Shame on you!” em direção às autoridades, enquanto bandeiras mexicanas foram erguidas como forma de protesto contra as políticas migratórias do governo.

A prefeita de Los Angeles, Karen Bass, criticou a decisão da Casa Branca, afirmando: “Não quero que as pessoas caiam no caos que acreditem estar sendo criadas pela administração, completamente de forma desnecessária.”

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, também condenou a repressão. “As manifestações migratórias não serão resolvidas com violência e repressão, mas com reforma e cooperação”, afirmou, em um discurso público.

Risco de Institucionalização do Autoritarismo

Apesar da gravidade da situação, Trump ainda não invocou a Lei da Insurreição, que permite o uso das Forças Armadas em território nacional em casos extremos de desordem civil. Questionado sobre a possibilidade de fazê-lo, o presidente respondeu apenas: “Depende se há uma insurreição ou não.”

Enquanto isso, o FBI oferece uma recompensa de US$ 50 mil por informações sobre um suspeito que atirou pedras contra viaturas policiais, ferindo um agente federal em Paramount, Califórnia.

O clima de instabilidade cresce à medida que as tropas permanecem em alerta, e a retórica presidencial se torna mais agressiva. A mobilização de militares sem a concordância do governo estadual e a ameaça de utilização da força militar ativa dentro do território nacional põem em risco o equilíbrio entre os poderes federais e estaduais. A situação reacende temores sobre um possível avanço de um autoritarismo institucionalizado nos Estados Unidos.

Com informações da Reuters

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Last Update: 09/06/2025