A biografia de Francisco de Assis, conhecido como o Homem que Se Sentia uma Mulher, revela que ele era homossexual e escolhia vítimas que representavam o perfil que ele gostaria de ter tido.
Em sua pesquisa, Campbell reuniu detalhes dos laudos do Teste de Rorschach, ao qual Assis foi submetido na prisão.
Esse teste é frequentemente aplicado a condenados desse perfil e serve para investigar aspectos de personalidade, como falsidade, inveja, ódio, agressividade, impulsividade, insensibilidade, imaturidade afetiva, frustração, traumas, fantasias, fetiches e desejos sexuais.
Em muitos casos, os resultados fundamentam decisões judiciais sobre a soltura desses criminosos.
As respostas de Francisco ao teste revelam um desejo latente de ser uma mulher, evidenciado pela identificação com figuras femininas de cabelos cacheados, baixa estatura e delicadeza, que era o perfil da maioria de suas vítimas.
Essa projeção de si mesmo nas figuras femininas sugere um conflito interno significativo relacionado à sua identidade de gênero e autoimagem, mostram os laudos.
Ao expressar esse desejo profundo e oculto, indicou-se uma dissonância entre a identidade de gênero percebida e a identidade de gênero desejada. Assim, o teste provou ser eficaz em evocar conteúdos significativos e profundos da psique do paciente, explica Campbell.
A revelação espontânea desses desejos sugere uma ânsia de transformação e uma reduzida identificação com o sexo oposto. Esse conflito interno pode ter implicações importantes para seu futuro e para o entendimento do comportamento criminoso que levou à sua prisão.
Além disso, o livro também mostra que ele revelou esse desejo a amigos, como patinadores do Parque Ibirapuera.
O livro “Francisco de Assis – o Homem que Se Sentia uma Mulher”, escrito pelo jornalista Ullisses Campbell, será lançado em setembro na Bienal do Livro em São Paulo, com a capa divulgada nesta sexta-feira (5).