O volume de aportes em startups brasileiras registrou alta de 259% em maio de 2024 em comparação com o mesmo período do ano anterior. O dado é da Sling Hub, citado em artigo do site Consultor Jurídico, e já mostrava os sinais de uma retomada do interesse de investidores pelo setor.
Especialistas alertam que o cenário favorável exige preparo e estrutura. Segundo Priscila Ferreira, advogada empresarial e CEO da Infer assessoria, ainda é comum ver empreendedores negligenciando etapas básicas de estruturação.
Ela afirma que produtos inovadores não garantem atração de capital se a empresa não estiver preparada juridicamente e com uma marca sólida. “Investidores avaliam riscos e ativos intangíveis, como a identidade criativa”, explica.
Proteja ativos intangíveis
De acordo com a World Intellectual Property Organization (WIPO), mais de 60% do valuation de uma startup moderna está atrelado à marca, ao design, ao software e ao branding. Por isso, o registro de marca precisa ser feito logo no início da operação.
O registro deve ser feito em nome da empresa, com o CNPJ, e não no CPF de um dos fundadores. A medida reduz disputas internas e ajuda a organizar o patrimônio da startup.
Estrutura jurídica reduz riscos
Contratos bem elaborados, acordos societários claros e definição da propriedade intelectual estão entre os pontos que elevam a confiabilidade do negócio. A proteção de dados também se destaca como item avaliado por fundos e investidores anjo.
O relatório Startup Genome 2023 mostra que mais de 70% das startups que encerram suas atividades não fracassaram por falta de produto, mas por problemas estruturais e jurídicos.
Narrativa consistente e percepção de valor
Segundo levantamento da Harvard Business Review, empresas que mantêm um portfólio de propriedade intelectual organizado têm 25% mais chances de captar investimento.
O cuidado com identidade visual e verbal ajuda a transmitir propósito e alinhamento estratégico ao mercado. Para Priscila Ferreira, esse aspecto comunica profissionalismo e mostra que os fundadores pensam no negócio com visão de longo prazo.
Casos recentes
A startup Mombak, voltada ao reflorestamento, levantou 30 milhões de dólares em uma rodada Série A em abril de 2025. Além disso, firmou contratos de offtake de carbono que somam 150 milhões de dólares.
Segundo a Latin American Private Equity & Venture Capital Association (LAVCA), empresas com estrutura jurídica adequada captam, em média, 30% a mais que aquelas sem formalização.
Priscila Ferreira destaca que investidores buscam negócios com menor risco percebido. “É necessário tratar sua startup como empresa desde o primeiro dia”, afirma.
