O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a cobrar a presença do homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, na COP30, que acontecerá em novembro, em Belém. Após dizer que falaria pessoalmente com Trump para reforçar o convite, ele não citou nomes, mas deixou claro um recado ao americano durante a terceira Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos (UNOC3), en Nice, na França, nesta segunda-feira 9.
Em sua fala na abertura do evento, Lula disse que é preciso “convencer o chefe de Estado desse mundo de que a questão climática não é invenção de cientista, não é brincadeira da ONU”.
“A questão climática é uma necessidade vital de preservação do nosso ambiente. A gente vai ter que tomar uma decisão: primeiro, se acredita ou não. Se acredita, nós vamos ter que decidir que não existe outro espaço para a gente viver. É no planeta Terra”, afirmou o petista.
A UNOC3 busca mobilizar o compromisso dos países para conservar os oceanos e garantir a exploração sustentável dos seus recursos. Para o governo brasileiro, a reunião é particularmente importante no contexto da COP30. A presidência brasileira da COP espera que Conferência dos Oceanos aumente a conscientização internacional sobre a sua importância para a regulação do clima global.
Lula salientou que, em Nice, o Brasil apresentou sete compromissos voluntários, relacionados à proteção de áreas marinhas, ao planejamento espacial marítimo, à pesca sustentável, à ciência e à educação.
“Além de zerar o desmatamento até 2030, vamos ampliar de 26% para 30% a cobertura de nossas áreas marinhas protegidas, cumprindo a meta do Marco Global para a Biodiversidade”, disse.
“Também implementaremos programas dedicados à preservação dos manguezais e dos recifes de corais e estamos formulando uma estratégia nacional contra a poluição por plásticos no oceano. Com apoio da Unesco, o Brasil foi o primeiro país a incluir a cultura oceânica nos programas escolares e continuará qualificando professores para o ensino do Currículo Azul”, prosseguiu.
Proteção frágil
Apesar de ocuparem dois terços da superfície terrestre, os acordos internacionais de proteção dos oceanos ainda são frágeis, e o financiamento destinado a este objetivo, insuficiente. Ao longo da semana, os países vão anunciar os seus compromissos voluntários para cumprir a meta número 14 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU – a única específica sobre os oceanos, mas que vendo sendo relegada.
Mais de 60 chefes de Estado e de Governo estão presentes na conferência, co-organizada por França e Costa Rica. Entre os líderes, estão a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, o presidente argentino, Javier Milei. O evento ocorre até sexta-feira 13. Ao final, um compromisso político deverá ser acordado entre os países participantes.
Os oceanos alimentam 3 bilhões de pessoas e são fonte de renda para 600 milhões, em todo o mundo. Entretanto, como frisou secretário-geral da ONU, António Guterres, os oceanos estão “presos em uma armadilha de um círculo vicioso”: são vítimas e, ao mesmo tempo, aceleradores das mudanças climáticas. Ao absorverem taxas cada vez mais altas de emissões de CO2, as suas águas estão ficando mais quentes e ácidas, comprometendo a vida marinha.
(Com informações da RFI)