Em mais um capítulo do apoio à censura vindo de setores da esquerda, temos a matéria Big techs e o fascismo: como o Brasil pode liderar a resistência, publicado no sítio Vermelho.org. Para começar, fascismo existe muito antes de haver redes sociais, esse debate está atrasado por mais de um século. Segundo, não é tarefa do “Brasil” liderar uma resistência. O Brasil é um Estado burguês, divido em classes.
Dizer que o “Brasil” deve fazer determinada coisa, especialmente neste caso da big techs, é dar carta-branca para que instituições extremamente reacionárias, como o STF, liderem uma suposta cruzada contra o fascismo.
A matéria chama uma “resistência” contra o fascismo, quando são as ditas “democracias liberais”, que estão promovendo todo tipo de desordem no mundo. Para relembrarmos alguns casos do governo Obama/Biden, temos o golpe contra Dilma Rousseff; a destruição da Líbia; a barbárie contra o Afeganistão, os 11 anos de bombardeio da Síria; o apoio financeiro, material, humano e de inteligência ao genocídio em Gaza; o Euromaidan. Temos o conflito na Ucrânia e ameaças constantes contra a China.
Seria necessário muito tempo para listar os crimes das “democracias” que, como na Europa, estão prendendo pessoas por postagens nas redes sociais e reprimem com extrema violência aqueles que ousam protestar em favor da luta do povo palestino.
Ficar falando em “fascismo”, perigo da “big techs”, é contribuir para o ocultamento de quem são os verdadeiros fascistas. Pior, é vender a ideia de que aqueles que produzem tanta morte e violência representariam o “lado do bem”, a democracia.
O artigo começa mal porque diz que “a popularização das IAs trouxe à tona debates urgentes sobre ética, propriedade intelectual e justiça social”. Onde estava a ética quando os “democratas” treinaram e financiaram os nazistas na Ucrânia? Fora isso, a propriedade intelectual foi uma invenção dos capitalistas para manterem o monopólio sobre os mercados.
Diz também o texto que “essa dinâmica [da violação da propriedade intelectual] beneficia principalmente grandes corporações, que lucram com dados roubados, enquanto artistas enfrentam a desvalorização de suas profissões”. Mas as novas tecnologias sempre destroem alguns tipos de empregos e acabam criando outros. Foi assim com a introdução do tear a vapor no início da Revolução Industrial, e será assim em todos os momentos.
Quando inventaram os computadores, o mundo gráfico sofreu uma revolução, profissionais que trabalhavam com fotolito, gravações de chapa de offset, praticamente sumiram da face da Terra.
Segundo o artigo, “é essencial entender que as IAs não agem sozinhas: elas refletem os interesses de quem as controla”, o que é óbvio, afinal, vivemos em um mundo capitalista. Diz que essas empresas, além de controlarem a produção de inteligências artificiais (IAs), estariam “manipulando narrativas para sugerir que essas tecnologias são autônomas. Na realidade, elas frequentemente burlam leis, disseminam desinformação, ódio e ataques à democracia”.
Fica a pergunta: quem manipula mais as “narrativas” do que a grande imprensa? Quem dissemina mais ódio e ataca a democracia? No Brasil, Folha de São Paulo, Estadão, Globo – para ficarmos em três exemplos – apoiaram e/ou participaram de golpes de Estado. No entanto, setores da esquerda não parecem preocupados com isso, voltam suas críticas para o bicho-papão da big techs.
Alexandre de Moraes, o “defensor da democracia”, nunca fez menção de bloquear, processar, qualquer grande grupo jornalístico. Não que se deva ser a favor desse tipo de ação, porém, o que está em jogo é que o controle das redes sociais, que são um meio muito democrático de se produzir informação, deixará a grande imprensa seguir seu monopólio.
Apoio ao autoritarismo
Um dos parágrafos do artigo é o apoio a um completo desmando e atos autoritários promovidos pelo STF e diz o seguinte: “Recentemente, acompanhamos a plataforma X (antigo Twitter), de Elon Musk, ser banida temporariamente no Brasil por descumprir ordens judiciais relacionadas à remoção de perfis que espalharam fake news (como investigações sobre ataques ao STF). O X também se recusou a cooperar com leis de transparência, como o Marco Civil da Internet. Já a Meta (de Mark Zuckerberg) anunciou o fim da moderação em plataformas como Facebook e Instagram, alinhando-se a discursos extremistas, como os de Donald Trump, e enfraquecendo mecanismos de combate à desinformação na União Europeia e na América Latina”.
A ação de Moraes contra o X foi uma aberração jurídica. Queria que o X enviasse dados sigilosos de determinadas contas, ameaçava prender funcionários da empresa. Tudo sem que tivesse havido qualquer julgamento com direito à defesa e instâncias recursivas. Tudo em nome de estar “defendendo a democracia”. E quem disse que o papel de um juiz é defender o que quer que seja?
No caso da moderação da Meta, um dos principais alvos da empresa era o de tirar a visibilidade de páginas que denunciassem os crimes do sionismo, sob a alegação de “discuso de ódio”, essa coisa que a esquerda acha que só vai utilizada contra a extrema direita.
A falácia do meio ambiente
Uma das desculpas para se atacar as inteligências artificiais, é dizer que gastam muita água e emitem CO2. No entanto, as tecnologias têm o potencial oposto. Citando novamente a questão das gráficas, a redução de consumo de papel caiu drasticamente. Hoje, basicamente não é necessário imprimir quase nada. É um modo muito mais eficiente de se produzir documentos e notícias.
O artigo tenta dizer que “a verdadeira disputa não é contra máquinas, mas contra a apropriação privada de ferramentas que poderiam democratizar conhecimento e recursos”. Certo, mas isso não está colocado no momento, e os desenvolvimentos tecnológicos não podem ser congelados até que o mundo se torne socialista.
Lemos no texto que “no Brasil, as Big Techs são armas da extrema direita: financiam milícias digitais, espalham fake news e ataca instituições democráticas. Recentemente, eventos como o CPAC Brasil Treinaram ativistas para ataques coordenados nas eleições de 2026, expondo claramente a quem e para que servem essas plataformas. Elas não brincam em serviço quando o assunto é destilar ódio, desinformação e minar a democracia”. Isso não passa de alarmismo.
Quem quiser saber o que é discurso de ódio e fake news, basta ver as capas semanais da Revista Veja contra o PT, Lula e Dilma Rousseff.
O que a esquerda está fazendo é servir de tropa de choque do imperialismo, que quer censurar as redes no Brasil e no mundo.
Para continuar sua política de opressão, de guerra, o grande capital precisa censurar, precisa impedir que as pessoas emitam suas opiniões, que revelem as falcatruas, os crimes que são cometidos todos os dias contra o mundo todo.
Em nome de defender a democracia, a esquerda faz o papel de linha auxiliar do imperialismo democrático, pai e mãe de todos os fascismos.