O pastor bolsonarista Silas Malafaia discursa durante manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo. Foto: Reprodução

O pastor bolsonarista Silas Malafaia ironizou os dados do Censo 2022 divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que mostram uma desaceleração no crescimento dos evangélicos no Brasil. O religioso disse que não fica “preocupado” com números.

O levantamento aponta que o grupo passou de um aumento de 6 para 5,2 pontos percentuais na última década, ficando com 26,9% da população — ainda sendo o segmento religioso de mais rápido crescimento no país. Os números foram coletados durante o governo Bolsonaro (PL) e concluídos na gestão de Lula (PT).

“Eu não fico preocupado com essa questão numérica de percentagem, se cresceu mais, se cresceu menos. Fico até rindo”, afirmou Malafaia à Folha de S.Paulo. “Tem um monte de coisa para ser questionada. Eu, com todo respeito, onde a esquerda mete a mão, tenho dúvida. Só pra te dizer, eu não acredito em número desses caras.”

O bolsonarista ainda ressaltou que os evangélicos são, em média, mais comprometidos com sua fé, participando regularmente de cultos. “Quando alguém diz que é evangélico, é que pelo menos uma vez por semana vai à igreja. […] Se o cara estiver afastado da igreja, […] ele não diz que é evangélico.”

Malafaia também criticou os católicos: “Muitas vezes não sabem nem os dogmas da sua religião, as leis que envolvem o cristianismo que dizem que creem.” Ele destacou que o IBGE não mensura a prática religiosa, embora outras pesquisas identifiquem um grande número de católicos praticantes.

Especialistas apontam que fatores como o desencanto de jovens, a reação estratégica da Igreja Católica e o forte envolvimento político de lideranças evangélicas ajudam a explicar essa desaceleração.

Para Ana Carolina Evangelista, diretora-executiva do ISER, o envolvimento excessivo com pautas políticas faz com que fiéis não se reconheçam mais em seus pastores e líderes.

“Há um excesso de política nas igrejas e nos púlpitos evangélicos que faz com que algumas pessoas não se reconheçam mais em suas lideranças religiosas, seja pelo perfil delas ou pelas pautas que elas têm defendido publicamente, e que acabam excluindo seus próprios membros”, disse em entrevista à BBC News Brasil.

Jair Bolsonaro (PL), Michelle Bolsonaro e o ex-ministro Onyx Lorenzoni em culto durante o mandato do ex-presidente, marcado pela aproximação com evangélicos. Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República

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Last Update: 08/06/2025