Manifestantes confrontam agentes federais após operação repressiva contra imigrantes em Los Angeles. Foto: Allison Dinner/EPA

Neste sábado (07), o presidente Donald Trump ordenou o envio de 2.000 soldados da Guarda Nacional ao condado de Los Angeles após confrontos entre manifestantes e agentes de imigração, ignorando a resistência do governo estadual.

A mobilização ocorre em meio a protestos contra a repressão migratória no estado e intensifica a presença militar federal em território civil, provocando críticas sobre o uso político das forças armadas.

A Casa Branca justificou a ação com o argumento de que era necessário conter “a ilegalidade permitida a prosperar” no estado.

A chegada das tropas está prevista para as próximas 24 horas, segundo o New York Times. A resposta federal reacendeu o debate sobre o uso militar em conflitos civis internos e reforçou as preocupações com a retórica autoritária de Trump.

O governador Newsom classificou a decisão como “deliberadamente inflamatória” e disse que a presença militar só aumentaria as tensões.

Afirmou ainda que as autoridades locais já têm os recursos necessários para lidar com a situação, e que não há demanda urgente por reforços. Apesar disso, Trump federalizou parte da Guarda Nacional com base no Título 10 da Constituição, o que lhe garante controle direto sobre as tropas.

A operação federal ocorre em meio à repressão crescente contra imigrantes e à intensificação das batidas do serviço de imigração norte-americano, o ICE – Immigration and Customs Enforcement.

Foram presas 118 pessoas na última sexta-feira (06), incluindo imigrantes com vínculos com organizações criminosas, segundo o Departamento de Segurança Interna. No entanto, defensores dos direitos humanos alegam que houve detenções arbitrárias e uso excessivo da força.

Um dos protestos após a prisão de 44 imigrantes nesta sexta-feira (06) . Foto: Reprodução/AFP

A ação militar e o uso de gás lacrimogêneo contra manifestantes reforçam o perfil cada vez mais tirano do governo Trump, que já havia ameaçado usar a Lei de Insurreição em protestos anteriores. Em 2020, após o assassinato de George Floyd, o presidente estadunidense pressionou por intervenções semelhantes, mas recuou diante da resistência do então secretário de Defesa, Mark Esper.

Na cidade de Paramount, agentes da Patrulha de Fronteira armados e protegidos com equipamentos de choque confrontaram manifestantes que protestavam contra o ICE. A multidão carregava cartazes com mensagens como “Nenhum ser humano é ilegal” e gritava palavras de ordem exigindo o fim das detenções. Carros foram cercados e ruas bloqueadas pela população indignada.

A retórica de Trump se intensificou nas redes sociais, onde ameaçou intervir diretamente se o governador e a prefeita de Los Angeles “não fizessem seu trabalho” em uma postagem. Já a secretária de imprensa da Casa Branca acusou os líderes democratas da Califórnia de abandonar sua responsabilidade de proteger os cidadãos, em uma fala que ecoa os princípios da criminalização da imigração como ferramenta política.

Diante de uma escalada despótica, cresce a inquietação sobre o futuro da democracia nos Estados Unidos. A mobilização militar contra civis, somada à criminalização de protestos e minorias, levanta sérias dúvidas sobre os rumos institucionais do país. A estratégia de Trump se assemelha à lógica fascista: usa o medo e a repressão como instrumentos de poder, em detrimento do diálogo democrático e da justiça social.

Veja vídeos da manifestação:

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Last Update: 08/06/2025