No último período a campanha sionista na imprensa de um suposto “antissemitismo” aprofundou-se. A exemplo, nesta quinta-feira (5), dois portais da grande imprensa publicaram em harmonia, regidos pelo sionismo, suposto crescimento do “antissemitismo”.

Os portais supracitados foram o UOL Notícias, com o artigo “Casos de antissemitismo na Alemanha crescem 77% em 2024” e O Globo, com o artigo “O antissemitismo e a guerra em Gaza’.

O “antissemitismo” fictício

Como os títulos sugerem, os artigos levantam informações para apontar um suposto crescimento do “antissemitismo” após a Operação Dilúvio de Al-Aqsa. Para os autores, os últimos anos, com a resistência palestina do Hamas, teriam estimulado um sentimento internacional de “antissemitismo”.

Nestes artigos os judeus estariam sofrendo uma onda internacional de xenofobia, sendo oprimidos e perseguidos nos mais diversos lugares do mundo. Nas palavras do encarregado do governo federal alemão para combate ao antissemitismo, Felix Klein, “Ódio contra judeus foi normalizado […] a um nível vergonhoso”.

Segundo relatório divulgado nesta quarta-feira (04/06) pela Associação Nacional de Centros de Pesquisa e Informação sobre Antissemitismo (Rias) os casos de “antissemitismo” na Alemanha teriam passado de uma média diária de 13 casos em 2023, para 23 casos em 2024.

“O risco de ser hostilizado como judeu na Alemanha frequentemente aumentou de forma objetiva desde 7 de outubro, e ainda assim parece que damos mais importância a debates sobre o que é uma declaração antissemita do que à empatia com os afetados”, criticou Steinitz.

Falsificação sionista

Os próprios artigos apontam a realidade, expondo a falsificação sionista da campanha da imprensa imperialista. Discordâncias políticas com o sionismo são computadas como “antissemitismo”.

A mesma associação Rias informa que dos 8.627 casos registrados como “antissemitismo”, 5.857 seriam de “ativismo anti-israelense”, em outras palavras antissionismo, ocorrendo em “contextos fortemente politizados”, como em manifestações, escolas (284) e universidades (450).

“Muitos de meus colegas universitários judeus não se sentem mais seguros nas universidades”, disse o presidente da Associação de Estudantes Judeus da Alemanha, Ron Dekel.

Dos 2770 registros restantes, somente 544 destes seriam atribuídos à extrema-direita, declaradamente antissemita. Resulta que dos casos considerados, apenas 6,3% seriam realmente enquadrados como antissemitismo, o restante seriam em sua maioria uma reação a política sionista ou motivações diversas.

Defesa do genocídio

Essa campanha imperialista pelo suposto crescimento do antissemitismo, trata-se tão somente de uma defesa da política genocida do sionismo. Se a imprensa imperialista não pode abertamente defender as posições sionistas, trabalha junto com a censura estatal para perseguir os críticos da barbárie sionista.

Sendo moralmente inviável defender internacionalmente o sionismo, o fantasma do Holocausto é invocado como escudo, contra os críticos com a pecha de “antissemita”. Quem denunciar, condenar  a ocupação sionista de décadas na Palestina, o genocídio em Gaza, a ditadura implacável contra o povo palestino, é automaticamente rotulado como “antissemita” pelo sionismo.

A campanha em tela funciona junto com uma censura draconiana para conter a desaprovação popular com o massacre do povo palestino. Não somente isso, serve como uma forma de tentar conter o crescimento da campanha contra a intervenção imperialista pelo mundo.

Sionismo, real ameaça aos judeus

O presidente da Rias, Benjamin Steinitz, afirmou que: “Com a guerra em Gaza e o sofrimento insuportável da população civil palestina, o apoio à ação do governo israelense também desmoronou aqui [na Alemanha]”.

Aqui temos que esclarecer, há um perigo real aos judeus, com consequências catastróficas por serem atrelados à política sionista. Tanto que os judeus tradicionais em sua maioria se colocam contrários ao sionismo, facilmente encontramos membros dessa comunidade queimando bandeiras de “Israel”, por discordarem da política sionista e temerem as consequências para as suas comunidades religiosas. 

Steinitz também declara que: “judias e judeus são constantemente responsabilizados pela conduta do governo israelense”. Novamente, é preciso elucidar que neste momento aqueles diretamente responsáveis pelo genocídio não são os judeus, mas os sionistas. Contudo, entre setores despolitizados, a constante pregação do sionismo de que representa os judeus de conjunto pode levar, naturalmente, que a população atrele a política sionista genocida aos judeus.

Solução de dois Estados

Outra questão central está na defesa da resistência à ocupação sionista na Palestina, liderada pelo Hamas. Estreitamente ligada à questão da continuidade do Estado de “Israel”, ou como deve ser corretamente colocado, na continuidade do enclave imperialista na Palestina. 

Sobre esses pontos o autor de um artigo citado, Guga Chacra, declarou o seguinte: “Já escrevi algumas vezes que o correto é ser pró-Palestina e pró-Israel ao mesmo tempo. Basicamente, uma solução de dois Estados vivendo em paz e segurança. Não é o que Netaniahu e o Hamas defendem. O primeiro quer destruir o sonho de uma Palestina independente. O segundo quer destruir Israel.”

Desconsiderando a tautologia inicial do parágrafo com a solução de dois Estados utilizada para estabelecer o enclave sionista, temos uma verdade, “Israel” é incompatível com a Palestina.

Não há como permanecer a ocupação sionista e haver autonomia na Palestina. Assim como a maior parte da resistência, forçada a ter armas em punho, compreende ser impossível relativizar com a ocupação.

Com a demografia atual, a única solução duradoura para a região está no fim do Estado de “Israel” e no estabelecimento de um Estado palestino, organizado pela população local.

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Last Update: 08/06/2025