Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e seu secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite Imagem: WERTHER SANTANA – 1º.fev.2024/ESTADÃO CONTEÚDO

Candidato ao Senado, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PP), deixará a gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos) até o fim de 2025, retornando à cadeira de deputado federal da qual está licenciado. Embora pudesse permanecer até abril para cumprir a janela eleitoral, o próprio governador já negocia uma exoneração antecipada e avalia nomes como o do secretário da Administração Penitenciária, Marcello Streifinger, para substituí-lo de acordo com a Folha.

No ato de filiação de Derrite ao PP, em 22 de maio, Tarcísio destacou o alinhamento político desejado para as eleições de 2026: “Esse grupo vai ser forte, esse grupo tem um projeto para o Brasil”, afirmou o governador em discurso ao lado dos presidentes nacionais de PL, PSD, Podemos, União Brasil e PP.. A estratégia é construir a saída antecipada como gesto de apoio à carreira parlamentar do aliado.

Durante sua gestão, iniciada em janeiro de 2023, Derrite celebrou a queda de homicídios (de 2.909 para 2.517) e de roubos (de 242.991 para 193.714), embora casos de estupro e letalidade policial em serviço tenham subido, de 13.240 para 14.579 e de 256 para 649, respectivamente. Esses números intensificam a cobrança interna: Tarcísio teme críticas em 2026 pela percepção de insegurança e pelas operações Escudo e Verão, além da demonstração de força do PCC.

O secretário também entrou em conflito com o ministro Ricardo Lewandowski durante debate sobre a PEC da Segurança Pública. “O ministro é um senhor de idade, e eu tenho muito respeito por ele. Apesar das besteiras que ele fala, a culpa não é dele, a culpa é de quem o escolheu, porque não tem a mínima noção”, disse Derrite em março, gesto que expôs sua postura mais radical comparada à do governador.

ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, olhando para o lado com expressão séria, em fundo azul
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski – Divulgação

A relação entre os dois colapsou no fim de 2024, após a morte do delator do PCC Antônio Gritzbach em Guarulhos e o episódio em que Derrite, cancelada uma viagem aos EUA, foi a uma festa em Maresias. Conflagraram-se ainda tragédias que envolveram PMs, como a morte de Ryan, de 4 anos, e o estudante Aurélio Cardenas Acosta. No evento de 6 de dezembro com Lewandowski e Gilmar Mendes, Tarcísio admitiu erros: “Nosso discurso tem peso. E se a gente erra no discurso, a gente dá o direcionamento errado, e a gente traz consequências erradas”.

Apesar do desgaste, a antecipação da saída de Derrite será vendida como apoio incondicional à sua candidatura, preservando a aliança de centro-direita para 2026. Além dele, outros cinco secretários devem deixar o governo para disputar cargos eletivos, e a escolha do sucessor ficará condicionada a acordos partidários, embora Streifinger seja o favorito de Tarcísio.

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Last Update: 07/06/2025