Embora o termo “sustentabilidade” tenha gerado cerca de 18 milhões de conteúdos no Google Brasil no último ano, o interesse espontâneo da população pelo tema segue baixo. De acordo com pesquisa realizada pela Bulbe Energia, assuntos ambientais ocupam a última colocação entre os temas mais consumidos de forma ativa em 2025.
A pesquisa foi realizada com participantes de todas as regiões do país. Apenas 42,6% dos entrevistados afirmaram consumir regularmente conteúdos sobre meio ambiente e sustentabilidade. Esse é o menor índice entre os dez temas avaliados no estudo.
Outros assuntos apresentam taxas de consumo bem mais altas. Temas como saúde e bem-estar aparecem na liderança, com 70,2% de adesão. Em seguida, surgem finanças pessoais (66%) e esportes (65,4%).
A sustentabilidade ambiental permanece à margem da rotina informativa dos brasileiros. Esse comportamento inclui redes sociais, veículos de imprensa e plataformas digitais de conteúdo.
Falta de acesso afasta o público
O estudo identificou as principais barreiras que dificultam o engajamento com as pautas ambientais. Para 27,6% dos entrevistados, as informações sobre o tema circulam pouco ou são difíceis de encontrar no dia a dia. Outros 18,9% apontam que as fontes disponíveis são pouco confiáveis ou apresentam contradições.
Além disso, o formato e o tipo de linguagem afastam parte do público. Cerca de 16% consideram os conteúdos longos, densos ou pouco objetivos. Outros 12,2% sentem falta de exemplos práticos ou recursos visuais que ajudem na compreensão.
Interesse em momentos de crise
A pesquisa mostra que o interesse por temas ambientais costuma surgir de forma reativa. O envolvimento cresce, por exemplo, em casos de desastres naturais, escassez hídrica ou eventos climáticos extremos.
Fora desses momentos, o contato com a pauta costuma ser esporádico e superficial. Muitas vezes, o assunto aparece em filmes, séries ou conteúdos virais, mas sem aprofundamento ou continuidade.
Formação escolar tem impacto limitado
A pesquisa também avaliou o conhecimento da população sobre termos relacionados ao meio ambiente. Temas como pegada de carbono, combustíveis fósseis e ciclo da água estão ausentes do repertório de boa parte dos entrevistados.
Para 43% dos participantes, o contato com esses conceitos durante a formação escolar foi baixo ou inexistente. Na vida adulta, o aprendizado ocorre, em sua maioria, por meio da mídia e de experiências cotidianas.
Compreensão da crise climática
Para André Mendonça, Diretor de Operações da Bulbe Energia, o baixo engajamento tem relação direta com a falta de contato prático com o tema. “Muitos desses conceitos são complexos e pouco contextualizados no cotidiano das pessoas”, afirma. Segundo ele, essa distância dificulta a compreensão dos impactos reais da crise climática.
Isso ajuda a explicar por que a urgência do tema ainda não é reconhecida de forma ampla pela sociedade brasileira.
Metodologia
O levantamento foi realizado entre os dias 26 e 27 de maio de 2025. A Bulbe Energia ouviu 500 pessoas de diferentes regiões, classes sociais, faixas etárias e setores produtivos. As entrevistas foram feitas individualmente, por meio de um questionário estruturado em formato online.