A tensão entre Brasil e Estados Unidos voltou a ganhar fôlego com a ameaça de sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Em entrevista à Folha de S.Paulo, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), foi categórica: “O governo brasileiro não aceitará essas medidas do Trump (…) Não vamos admitir”.

A fala foi motivada pela decisão do governo norte-americano de Donald Trump de restringir vistos a autoridades estrangeiras supostamente “cúmplices de censura a norte-americanos”. Sem citar nomes, o secretário de Estado Marco Rubio mirou a América Latina, sugerindo que ministros como Moraes — protagonista no embate com a plataforma X, de Elon Musk — seriam alvos diretos da retaliação.

Reciprocidade à mesa

Gleisi afirmou que o Brasil dispõe de “mecanismos de reciprocidade” e que não aceitará interferências externas. “O presidente foi claro nesse sentido de defesa da soberania e da democracia do Brasil. Não cabe a outro país aplicar sanções aqui. Não vamos admiti“, afirmou.

Ela também criticou duramente a postura de políticos da oposição. “Foi uma vergonha o que eles fizeram indo lá comemorar a vitória do Trump, depois uma vergonha usando bonezinho pró-Trump, depois uma vergonha defendendo as medidas que Trump estava tomando contra os outros países, inclusive contra o Brasil. É não defender o seu país. Não são nacionalistas nem um pouco“.

O caso Eduardo Bolsonaro

Entre os principais entusiastas da ofensiva trumpista está o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele celebrou nas redes sociais a possível sanção contra Moraes, apresentando-a como uma vitória da “liberdade de expressão”.

A manifestação motivou o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, a protocolar uma representação criminal na Procuradoria-Geral da República (PGR). O procurador-geral Paulo Gonet acolheu o pedido e encaminhou o caso ao Supremo Tribunal Federal. Eduardo é agora investigado por obstrução de justiça, coação no curso do processo e atentado às liberdades democráticas.

O deputado já é citado em outras apurações que investigam articulações golpistas no Brasil e no exterior após as eleições de 2022.

Redes trumpistas ampliam ofensiva judicial

Paralelamente, a plataforma de vídeos Rumble e a rede social Truth Social — vinculada a Donald Trump — ampliaram nesta sexta-feira (6) um processo judicial contra Alexandre de Moraes nos Estados Unidos. As empresas, que já contestavam decisões do ministro, agora pedem que ele seja responsabilizado civilmente por supostos danos financeiros e à reputação de seus serviços no Brasil.

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Last Update: 07/06/2025