Thiago Ávila, ativista brasileiro que presta assistência aos palestinos em Gaza. Foto: reprodução

Com ativistas conhecidos pelo mundo inteiro, como a ambientalista sueca Greta Thunberg, navio Madleen completa neste sábado o seu sétimo dia de navegação no Mediterrâneo, rumo à Faixa de Gaza, em uma tentativa de romper o bloqueio israelense ao enclave palestino por via marítima. O governo de Israel já emitiu ameaças e deve tentar impedir a atracagem em porto palestino.

O ativista brasileiro Thiago Ávila, um dos 12 tripulantes e coordenador internacional da Freedom Flotilla Coalition (FFC), Coalisão Flotilha da Liberdade, em tradução livre, movimento responsável pela iniciativa, afirmou em entrevista ao site Público, de Portugal, que “a humanidade inteira fica em dívida com a Palestina”.

O grupo transporta suprimentos essenciais como leite em pó, farinha, fraldas, medicamentos e equipamentos de dessalinização. Se bem-sucedida, a missão pode inaugurar um corredor humanitário marítimo para Gaza, isolada há meses.

“A moral de todos está elevada, o apoio internacional é imenso e faz com que não nos sintamos sozinhos, nem tenhamos medo de ameaças, mesmo que à noite os drones continuem a voar sobre nós”, disse o brasileiro sobre as ameaças israelenses. Há pouco mais de um mês, a tripulação foi alvo de um ataque do governo sionista que não deixou nenhum ferido.

Ativistas pró-palestina, Thiago Ávila e Greta Thunberg atravessam mediterrâneo em ato de solidariedade às vítimas de bloqueios israelenses – Reprodução/Redes sociais

“Temos sentido que as pessoas estão mais dispostas a agir para travar o genocídio que dura há oito décadas, acabar com o bloqueio ilegal de 18 anos à Faixa de Gaza e reconhecer o direito do povo palestiniano a um Estado autodeterminado, soberano, onde possam viver em paz, como qualquer povo no mundo”, completou.

Em 2010, um navio da FFC, o Mavi Marmara, foi atacado por Israel, resultando na morte de nove ativistas. Thiago reconheceu o risco, mas reforçou que a missão é pacífica e garantiu que uma retaliação israelense apenas multiplicaria o número de ativistas: “Se Israel quiser, pode afundar o nosso barco. A questão é que não estamos sozinhos, temos o apoio de milhões de pessoas. Se Israel decidir atacar, podem ter a certeza de que a próxima missão da FFC não levará 12, mas centenas de pessoas. E, se atacarem essa, a seguir serão milhares. Tudo o que eles têm são as armas e o ódio. Nós temos o amor, a solidariedade, a coragem”.

Na última quinta-feira (5), o Madleen mudou sua rota para resgatar quatro migrantes no Mediterrâneo. Thiago destacou a ligação entre as crises: “Para nós tudo está conectado, porque estamos falando de um sistema capitalista, imperialista, que oprime e destrói em todas as partes do mundo, sobretudo no Sul global”.

Thiago Ávila e Greta Thunberg. Foto: Ansa

“Este processo de destruição gera crises nas suas diversas formas — económicas, sociais, ambientais —, que obrigam os povos a deslocar-se e migrar para sobreviver” resumiu. “O mesmo sistema imperialista que explora povos e recursos no Sul global é também responsável pelo genocídio na Palestina. É quem fornece armamento a Israel, quem potencia a blindagem diplomática israelita… Tudo isso está conectado”.

Por fim, o ativista brasileiro declarou que todos devem ser gratos aos palestinos por “abrirem os olhos do mundo”, além de pedir desculpa pelo “custo altíssimo de milhares de vidas palestinas perdidas”.

“Nenhuma criança merecia ter passado por amputações sem anestesia. Nenhum palestiniano que viveu oito décadas de genocídio e limpeza étnica merecia passar por isto”, finalizou.

Embarcação com os membros da Flotilha da Liberdade. Foto: reprodução

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Last Update: 07/06/2025