Nesta quinta-feira (5), Benjamin Netaniahu, primeiro-ministro de “Israel”, admitiu que a entidade sionista financia e arma gangues criminosas que estão roubando ajuda humanitária na Faixa de Gaza, e que o faz para derrotar o Hamas (e demais organizações da Resistência Palestina).
Em vídeo publicado em sua página no X, ele afirmou “seguindo o conselho de autoridades de segurança, ativamos clãs em Gaza que se opõem ao Hamas. O que há de errado nisso?”, acrescentando que “isso só salva a vida de soldados israelenses, e divulgar isso só beneficia o Hamas”.
Anteriormente à admissão de Netaniahu, seu gabinete havia declarado que “Israel” estava “trabalhando para derrotar o Hamas por vários meios, com base nas recomendações de todos os chefes do sistema de segurança”.
A publicação do primeiro-ministro foi feita em resposta a Avigdor Lieberman, ex-ministro da “Defesa” de “Israel”, membro do parlamento e líder do partido Yisrael Beytenu. Em entrevista à rádio pública Kan Bet, Lieberman declarou que “o governo israelense está fornecendo armas a um grupo de criminosos e delinquentes, identificados com o Estado Islâmico, sob a orientação do primeiro-ministro”, acrescentando que Ronen Bar, o chefe do Shin Bet (agência de espionagem interna israelense), estaria ciente da operação.
Logo após as acusações feitas por Lieberman, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe), publicou a seguinte declaração:
“Declarações sionistas reconhecem omissão na construção do caos e da fome
O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) confirmou na quinta-feira que as declarações do líder do partido Yisrael Beiteinu, Avigdor Lieberman, revelam uma verdade contundente e perigosa: o exército inimigo israelense está armando gangues criminosas na Faixa de Gaza.”
Conforme noticiado pelo jornal israelense The Times of Israel, o grupo a que Lieberman se refere é liderado por Yasser Abu Shabab. Sua gangue foi documentada nos últimos dias operando em uma área perto da fronteira de Kerem Shalom sob controle militar israelense.
A emissora libanesa Al Mayadeen informa que o grupo, que se autodenomina “Serviço Antiterrorista”, supostamente consiste em aproximadamente 100 homens armados e teria recebido de “Israel” rifles de assalto Kalashnikov. Em matéria publicada ao final de maio, a emissora Quds News Network denunciou que a maioria dos membros da gangue liderada por Shabab são criminosos recentemente libertados da prisão, e que o líder é conhecido por sua hostilidade ao Hamas.
Antes da atual guerra genocida, Shabab estava preso, mas foi libertado nos primeiros dias da guerra de extermínio, depois que vários quarteis-generais de segurança na Faixa de Gaza foram destruídos por bombardeios israelenses, segundo informado pela Quds News.
A emissora informa ainda, reproduzindo denúncias de autoridades de organizações humanitárias e empresas de transporte, que “gangues organizadas, incluindo o grupo Abu Shabab, sequestraram e mataram motoristas de caminhões de ajuda humanitária perto da passagem”, e que elas, sob o comando e proteção de “Israel”, se tornaram o maior obstáculo para a entrega de ajuda ao sul da Faixa de Gaza.
Anteriormente à admissão de Netaniahu, a Organização das Nações Unidas (ONU) já havia confirmado que essas gangues “desfrutam da clemência, se não da proteção direta, dos militares israelenses”, observando que Abu Shabab havia estabelecido o que parecia uma “base militar” em áreas sob controle de ocupação.
Hamdah Salhut, correspondente de Al Jazeera na Jordânia, comentando sobre o plano de Netaniahu de utilizar essas gangues para derrotar o Hamas, afirmou que “isso não está indo bem em Israel, onde as pessoas estão dizendo que se trata de grupos criminosos armados na Faixa de Gaza. Que eles não deveriam estar armados e que essas são armas israelenses que estão sendo colocadas em suas mãos“.
Em semelhante avaliação, um alto funcionário israelense envolvido na troca dos prisioneiros teria declarado que “não vê sinais de colapso do Hamas. Mesmo que haja revoltas públicas, não acredito que a cadeia de comando do Hamas se desintegre”, conforme noticiado pelo portal israelense de comunicação Yedioth Ahronoth (Ynet).
Novo massacre contra palestinos famélicos
Este novo massacre ocorreu novamente perto de um dos centros israelo-americanos de “distribuição de ajuda humanitária” na cidade de Rafá.
Em informe, o Gabinete de Imprensa do Governo de Gaza informou que oito palestinos foram assassinados e 61 feridos, aumentando “o número de vítimas nos ‘Centros de Ajuda Israelense-Americanos’ para 110 mártires, 583 feridos e 9 desaparecidos”.
O órgão acrescenta que os palestinos foram alvos de tiros disparados pelas forças israelenses de ocupação e pela empresa de segurança norte-americana que vigiam tais centros para controlar o fluxo de ajuda humanitária, de forma a permitir que “Israel” e o imperialismo continuem utilizando a fome como arma de guerra.
O gabinete ainda apresentou “estatísticas de mártires, feridos e civis famintos desaparecidos baleados pela ocupação ‘israelense’ enquanto tentavam obter alimentos de centros de assistência americanos-israelenses“. Leia abaixo:
“Terça-feira, 27 de maio de 2025:
3 mártires, 46 feridos, 7 desaparecidos em Rafah
Quarta-feira, 28 de maio de 2025:
10 mártires, 62 feridos em Rafah
Domingo, 1º de junho de 2025:
35 mártires, 200 feridos em Rafah
1 mártir, 32 feridos, 2 desaparecidos na Ponte Wadi Gaza
Segunda-feira, 2 de junho de 2025:
26 mártires, 92 feridos em Rafah
Terça-feira, 3 de junho de 2025:
27 mártires, 90 feridos em Rafah
Sexta-feira, 6 de junho de 2025:
8 mártires, 61 feridos em Rafah
Total:
110 mártires
583 feridos
9 desaparecidos
Gabinete de Imprensa do Governo
Faixa de Gaza – Palestina
Sexta-feira, 6 de junho de 2025”
À luz do novo massacre, o Gabinete de Imprensa denunciou “Israel” e o governo dos EUA como responsáveis “pelo crime de usar alimentos como ferramenta de matança em massa sob um falso disfarce que eles chamam de ‘ajuda humanitária’”.
O órgão finalizou o informe com a seguinte declaração: “em um dia que deveria simbolizar paz e misericórdia, a ocupação e os americanos matam civis de fome em Gaza, enquanto o mundo assiste em silêncio vergonhoso. Esse comportamento criminoso sistemático da ocupação é uma mancha na consciência da humanidade e não apagará o direito do nosso povo à vida, à liberdade e à dignidade”.
O Gabinete de Imprensa refere-se ao Eid al-Adha, o segundo dos dois principais festivais do Islã, juntamente com o Eid al-Fitr. Apesar da continuidade do genocídio, os palestinos permanecem firme, e dezenas de milhares se reuniram na Mesquita de Al-Aqsa, para realizar orações em celebração da data.
80 mil palestinos se reúnem em Al-Aqsa no Eid al-Adha
Conforme informado pela emissora Al Mayadeen, os fiéis viajaram de toda a Palestina ocupada para o complexo em Al-Quds, enfrentando forte presença de segurança israelense nas entradas da Cidade Velha.
Testemunhas denunciaram que as forças israelenses de ocupação montaram postos de ocupação, criaram gargalos e inspecionaram documentos de identidade, dificultando e impedindo inúmeros palestinos, incluindo mulheres e idosos, de entrarem no pátio da Mesquita de Al-Aqsa.
Contudo, cerca de 80 mil palestinos conseguiram se reunir e realizar as orações em celebração do Eid al-Adha.
Novas ações: Resistência abate ao menos 4 invasores israelenses
Já no início da manhã desta sexta-feira (6), um grande “incidente de segurança” ocorreu a leste de Khan Iunis, Gaza, e durou por mais de uma hora. Conforme noticiado pelo canal de comunicação Resistance News Network (RNN), hospedado no Telegram, pelo menos cinco soldados das forças israelenses de ocupação foram abatidos ou feridos gravemente e um total de 12 tiveram de ser evacuados de helicóptero.
Como vem ocorrendo frequentemente, a Resistência os atraiu para dentro de um prédio em que havia colocado explosivos, os quais foram detonados com os sionistas dentro.
Poucas horas depois, “Israel” confirmou que quatro sionistas foram eliminados no incidente, bem como cinco feridos.
Dado detalhes sobre a operação, RNN informou o que se segue:
- As forças de ocupação entraram na região oeste de Bani Suheila, no leste de Khan Iunis, na noite anterior.
- Às 6h10 da manhã, um explosivo foi detonado contra uma força da ocupação que entrou em um edifício, causando seu colapso.
- As forças começaram a bombardear a área ao redor enquanto recuperavam os corpos, e o processo durou mais de seis horas.
- Nem drones, nem cães militares, nem equipamentos especializados conseguiram detectar os explosivos antes da entrada da tropa no prédio.
Em declaração, Benjamin Netaniahu afirmou que os soldados foram mortos durante uma operação de resgate de cativos.
Ainda pela manhã, a imprensa sionista noticiou que outro “incidente de segurança” estava ocorrendo, e esforços contínuos estavam sendo feitos para evacuar soldados mortos e feridos em meio a ataques constantes da resistência.
Embora maiores detalhes sobre o segundo incidente não tenham sido revelados, as Brigadas Al-Qassam, ala militar do Hamas, e as Brigadas Al-Quds, ala militar da Jiade Islâmica, publicaram informes sobre operações feitas também em Khan Iunis.
“As Brigadas Al-Qassam, em cooperação com a Saraya Al-Quds, alvejaram agrupamentos do inimigo nas proximidades do Salão ‘Canadá’, próximo ao entroncamento europeu ao sul da cidade de Khan Iunis, na parte sul da Faixa de Gaza, com projéteis de morteiro”, diz o informe das Brigadas Al-Qassam. Informe sobre a mesma operação também foi publicado pelas Brigadas Al-Quds.
Em outras ações, os combatentes da Jiade Islâmica “confirmaram que destruíram um veículo militar sionista com uma bomba de barril altamente explosiva previamente instalada, nos arredores de Kaf al-Qarara, ao norte de Khan Younis”. Igualmente, “conseguiram detonar um veículo militar sionista com uma bomba de barril altamente explosiva — previamente instalada — na Rua Al-Jamiza, na cidade de Al-Qarara”.
Além destas ações, as Brigadas Al-Quds divulgaram “imagens de uma emboscada de engenharia realizada por seus combatentes, visando veículos do inimigo sionista que avançavam ao noroeste de Beit Lahia, no norte da Faixa de Gaza, utilizando um dispositivo altamente explosivo e perfurante”. Veja o vídeo abaixo:
A intensificação das ações da Resistência, bem com o fato de elas estarem sendo realizadas diariamente, mostra contínuo fracasso militar de “Israel” em sua tentativa de derrotar o Hamas e demais organizações, agravando a cada dia crise da entidade sionista e do imperialismo.