Nesta sexta-feira (6), Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e Elon Musk, dono do X, Tesla, Space-X e ex-membro do governo, continuam com ameaças e ofensas mútuas em suas respectivas redes sociais.

A desavença entre Trump e Musk veio à tona na semana passada e se intensificou nesta, a ponto de um aparente rompimento entre ambos. Ela começou após críticas do bilionário ao chamado “One Big Beautiful Act”, projeto com inúmeros dispositivos.

Dentre medidas benéficas a parte da população, estão a isenção de impostos sobre horas extras e gorjetas: trabalhadores que ganham até US$160 mil anuais seriam beneficiados com a isenção de impostos federais sobre remunerações extras, como horas extras e gorjetas.

Há também o aumento do teto da dedução de impostos estaduais e locais (SALT), no sentido de que o limite para deduções de impostos estaduais e locais seria elevado de US$10 mil para US$40 mil para casais com renda inferior a US$500 mil.

Prevê, igualmente, extensão do Crédito Fiscal Infantil, aumentando-o para US$2.500 até 2028, retornando a US$2.000 posteriormente.

Além disso, o projeto concede benefícios para os monopólios do petróleo, mantendo subsídios históricos, como a dedução imediata de custos intangíveis de perfuração. O projeto também propõe incentivos para maximizar as exportações domésticas de petróleo e gás, beneficiando diretamente a indústria energética.

Em medida que atinge diretamente a Tesla, fabricante de carros elétricos de Musk, o projeto revoga créditos fiscais para veículos elétricos e outras iniciativas de energia limpa estabelecidas anteriormente.

No dia 3 de junho, Musk afirmou, através de publicação em sua página do X, que “este projeto de lei de gastos do Congresso, enorme, ultrajante e cheio de carne de porco, é uma abominação repugnante”, lamentando, em outra publicação, que o Big Beautiful Bill “mais do que derrota toda a economia de gastos alcançada pelo DOGE”.

DOGE é o Departamento de Eficiência Governamental, órgão criado pelo segundo governo de Trump. Ele foi liderado por Musk de janeiro até recentemente. Sob sua gestão, foram realizados inúmeros cortes na burocracia federal dos EUA, sendo demitidos ou exonerados milhares de servidores públicos.

Em 28 de maio, Musk publicou em seu X que seu período como Empregado Especial do Governo à frente do DOGE havia terminado, agradecendo Trump.

Após a publicação de Musk criticando o Big Beautiful Bill o presidente norte-americano reproduziu, em sua rede (Truth Social), a publicação de Musk sobre sua saída.

Musk seguiu criticando Trump, afirmando que a maioria dos republicanos quer mais cortes de gastos e que são favoráveis a emendas no projeto de lei.

Durante reunião com o chanceler alemão Friedrich Merz, Trump declarou que estava “muito desapontando com Musk”, acrescentando que “Elon e eu tínhamos um ótimo relacionamento. Não sei se teremos mais”, e que Musk “sabia do conteúdo do projeto melhor do que ninguém que está aqui. Ele não tinha problema com o projeto”. Trump afirmou ainda que Musk só passou a ter problema quando descobriu os cortes de subsídios aos veículos elétricos.

Em resposta, Musk disse que isto é “falso, esse projeto de lei nunca me foi mostrado uma única vez e foi aprovado na calada da noite tão rápido que quase ninguém no Congresso conseguiu lê-lo!”. O bilionário também disse ser favorável a um projeto de lei mais “magro”, afirmando que poderia até mesmo apoiar a manutenção dos cortes de subsídios aos veículos se o projeto fosse reduzido, sem especificar como.

Em entrevista no mesmo dia, Musk afirmou que se o projeto virasse lei como está, o déficit dos EUA aumentaria para 2,5 trilhões de dólares (atualmente está em dois trilhões).

Através de publicações na Truth Social, Donald Trump declarou que “Elon estava ‘se esgotando’, eu pedi para ele sair, eu levei embora sua política que forçada todo mundo a comprar carros elétricos que ninguém mais queria (algo que ele sabia há meses que eu faria), e então ele simplesmente ficou louco!”.

Em resposta à política de economizar gastos que está sendo defendia por Musk, Trump ainda declarou que “a maneira mais fácil de economizar dinheiro no nosso orçamento, bilhões e bilhões de dólares, é acabar com os subsídios e contratos governamentais do Elon. Eu sempre estive surpreso de Biden não ter feito isto”, disse Trump em publicação em sua rede.

A desavença e aparente rompimento entre Trump e Musk foi analisada por Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária (PCO), na TV 247, durante programa do qual ele participa semanalmente.

Rui Pimenta comentou que é “até certo ponto natural que isso tenha acontecido”. Destacando que Musk foi uma novidade nesse segundo governo Trump, porque Trump representa um setor da burguesia norte-americana que não é o dominante.

Ele destaca que a política do Trump não é a de fortalecer empresários como Musk, “a política dele tem outro sentido, retomar a economia norte-americano, fazendo um aceno para os trabalhadores norte-americanos com aumento do emprego e do salário”, acrescentando que a política Make America Great Again (MAGA) é uma política de fortalecimento do mercado interno norte-americano.

Apesar da atenção que a desavença está recebendo, o presidente do PCO entende que não é uma crise significativa do trumpismo. Sobre isto, ele destacou a posição de Steve Bannon, ideólogo deste movimento, que já chegou a dizer que Musk não deveria entrar no governo Trump, pois ele seria um globalista (ser contra o globalismo faz parte da ideologia do trumpismo).

Pimenta avalia também que “essa crise deve levar a uma certa radicalização do trumpismo mais tradicional”, que vai “levar a um recrudescimento da política do Trump”.

Sobre as alegações de Musk, de que sem ele Donald Trump não teria sido eleito novamente, Rui Pimenta comentou que foi Musk quem pegou carona na popularidade de Trump, que o bilionário não tem uma real popularidade.

Por outro lado, o presidente do PCO ressalvou que essa briga “pode acabar amanhã com os dois se abraçando, tudo é possível”.

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Last Update: 07/06/2025