Cerca de 40 mil trabalhadores do Judiciário paulista se encontram em campanha pela reposição das perdas salariais de 30%, acumuladas ao longo das últimas décadas. Como resposta, o Tribunal de Justiça ofereceu uma esmola: míseros 5% de reajuste, muito abaixo do necessário — tudo isso enquanto os magistrados seguem embolsando salários acima de R$100 mil.
Além dos salários congelados, os servidores enfrentam uma rotina de superexploração: falta de funcionários, carga excessiva de trabalho, pressão, assédio moral das chefias — que leva ao endividamento e a graves problemas de saúde física e mental.
Fortalecimento da greve
Diante do ataque, a assembleia do dia 14 de maio, com 600 trabalhadores presentes, aprovou o início de uma greve por tempo indeterminado. A combatividade da categoria ficou clara com a adesão em massa em diversos locais de trabalho. Na semana seguinte, uma nova assembleia reuniu mais de dois mil grevistas, mostrando o avanço do movimento e a disposição de luta.
Preocupada com o crescimento da mobilização, a cúpula do TJ — em aliança com os pelegos de sempre — se moveu para pôr fim à paralisação. Em assembleia realizada no último dia 28, usando de todo tipo de manobra antidemocrática, como impedir a fala dos trabalhadores da base e manipular a apuração da votação, os pelegos conseguiram suspender temporariamente a greve.
A luta continua: organizar a base
A paralisação de 15 dias mostrou a enorme disposição de luta da categoria. Mas também expôs uma de suas maiores fraquezas: a falta de organização independente.
As associações que hoje se colocam como “representantes” dos trabalhadores não têm nenhuma legitimidade. São entidades regionais, com dirigentes que ninguém sabe como foram eleitos, que não prestam contas à base e negociam às escondidas com o patrão.
É preciso romper com esse modelo falido e pelego. A luta precisa estar nas mãos dos próprios trabalhadores, organizados em Comandos de Base, com representantes eleitos nos locais de trabalho. É urgente construir um sindicato único da categoria, que unifique as lutas e coloque a mobilização nas mãos da base.
A principal tarefa agora é agrupar os setores mais combativos e conscientes para fortalecer a organização independente da categoria. Só assim será possível garantir a reposição salarial integral, melhores condições de trabalho, a construção de comandos de base e um verdadeiro sindicato de luta.