O ator Pedro Cardoso se posicionou a favor da condenação do humorista Léo Lins, sentenciado a oito anos de prisão por piadas consideradas discriminatórias, em decisão da Justiça Federal. Em publicação no Instagram na última quinta-feira (5), Cardoso criticou o stand-up comedy no Brasil, afirmando que o gênero se tornou “um ninho no Brasil onde se desenvolveu o ovo da serpente do fascismo”. A postura do ator é uma traição à classe artística e joga água no moinho do fascismo real, que busca censurar e prender quem ousa fazer humor.
Cardoso argumentou que muitos comediantes usam o palco para promover discursos agressivos, disfarçando-os de entretenimento. “Comediantes com mensagens fascistas valeram-se do stand-up e disfarçaram de entretenimento teatral cômico o que era discurso político agressivo”, disse.
O ator também fez uma distinção entre ficção e discurso real: “não há crime em ato ficcional narrativo. Personagens são fantasmas imateriais. Mas quando o autor toma o lugar do personagem o ato ficcional se torna disfarce onde se esconde um ato real”. Ele ainda sugeriu a leitura de um artigo de Aquiles Argolo no site Pretessências, destacando que “as palavras de Argolo como sempre dão-nos a dimensão da potência da violência racista no Brasil e a proporcional reação que ainda bem lhe é oposta”.
A condenação de Léo Lins inclui multa de 1.170 salários mínimos e indenização de R$303,6 mil por danos morais coletivos. O processo teve origem em um vídeo de 2022 do show Perturbador, com piadas contra negros, idosos, obesos, portadores de HIV, homossexuais, indígenas, nordestinos, evangélicos, judeus e pessoas com deficiência. O vídeo teve mais de três milhões de visualizações no YouTube antes de ser suspenso por decisão judicial em 2023. Os advogados de Lins, Carlos Eduardo Ramos e Lucas Giuberti, afirmaram que vão recorrer, declarando: “Trata-se de um triste capítulo para a liberdade de expressão no Brasil diante de uma condenação equiparada à censura”.
A posição de Cardoso é um ataque à liberdade de expressão. O fascismo real, que ele diz combater, é o que censura e criminaliza o humor, como na Ditadura Militar brasileira, no Estado Novo, que proibiu a ironia e quase prendeu Lamartine Babo, e nos regimes de Mussolini e Hitler, onde até o riso era punível. Ao apoiar a prisão de Lins, Cardoso se alinha com a repressão que ameaça a todos, traindo os artistas e a democracia.