Enquanto o governo federal enfrenta o desgaste de um ajuste fiscal impopular e o Congresso tenta emplacar uma reforma administrativa esvaziada, o PT aposta no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro como palco político. A narrativa é clara: ocupar o noticiário, reforçar o contraste com a extrema direita e desviar os holofotes da agenda impopular em curso. A estratégia de explorar a imagem do ex-presidente como réu, ao lado de generais e ex-comandantes, serve também para unir a base e manter o bolsonarismo sob ataque simbólico. Ao mesmo tempo, o presidente da Câmara, Hugo Motta (foto/divulgação internet), tenta imprimir sua marca com uma reforma administrativa diluída, longe de mudanças explosivas como o fim da estabilidade. O plano é que a proposta mature em banho-maria até 2027 — ou ao menos até que as urnas permitam retomá-la sem custo político. Até lá, o espetáculo judicial cumpre sua função: distrair e polarizar.
