
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), que fugiu para os Estados Unidos em março, gravou um vídeo elogiando Ciro Gomes (PDT) e sugerindo uma possível aliança política. A mensagem, claramente dirigida ao eleitorado do pedetista, surge em meio às especulações sobre sua possível candidatura presidencial em 2026 pela extrema-direita, como herdeiro do inelegível Jair Bolsonaro (PL).
No vídeo, Eduardo aproveitou a recente ação judicial movida pelo presidente Lula contra Ciro Gomes para construir sua narrativa de “censura” e “perseguição política”. “Lula aciona Ciro Gomes na justiça por ofensa à honra em vídeo”, leu o deputado, referindo-se às críticas de Ciro sobre a política de empréstimos consignados do governo.
“Se o senhor não tivesse denunciando a política pró-banco do Lula, será que estaria acontecendo isso daí com ele? É claro que não, né?”, questionou Bolsonaro, tentando atribuir ao petista um suposto esquema com bancários e estabelecer um elo com o ex-candidato à Presidência pelo PDT.
O terceiro filho de Bolsonaro fez um apelo explícito por uma “frente ampla” da direita, citando como exemplo a estratégia de Donald Trump nos EUA: “Qual o problema da gente sentar aí e dialogar? Eu não vejo problema nenhum nisso. Sabe por quê? Porque aqui nos Estados Unidos foi exatamente isso que o Trump fez”.
A censura não tem cor partidária. E é por isso que defender a liberdade exige diálogo — mesmo entre quem discorda em quase tudo.
Trump entendeu isso ao trazer Bob Kennedy para seu governo. O Brasil ainda não. pic.twitter.com/EV41hJtQ0t
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) June 6, 2025
Eduardo ainda mencionou especificamente o caso de Robert F. Kennedy Jr., ex-democrata que se tornou ministro da Saúde no governo Trump, como modelo de sua proposta de união política: “Será que se o Trump tivesse apenas um olhar mais restrito com relação à ideologia política, será que ele teria chamado Bob Kennedy para fazer parte do governo dele?”.
O fugitivo, no entanto, não destacou o alinhamento negacionista de “Bob” Kennedy a Trump. Desde que ingressou no governo de extrema-direita, o sobrinho do ex-presidente John F. Kennedy iniciou uma política antivacina e desfiliou os Estados Unidos da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O discurso do deputado homiziado nos EUA busca estabelecer uma conexão entre uma suposta centro-esquerda, representada pelo pedetista, e a extrema-direita. “Se você conseguir pegar o melhor de cada pessoa, você consegue construir um Brasil melhor”, afirmou, adotando um discurso que busca se apresentar como de “união nacional”.