Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, e Alexandre de Moraes, ministro do STF. Foto: reprodução

O Supremo Tribunal Federal (STF) já se prepara para uma semana decisiva no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A partir desta segunda-feira (9), réus do “núcleo 1”, como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, serão interrogados na mesma sala, em audiências que podem se estender até sexta-feira (13).

Bolsonaro, considerado líder da trama golpista, estará frente a frente com o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo. Para concluir a intentona, o grupo bolsonarista planejava assassinar o magistrado, o presidente Lula (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

O tribunal adaptou a sala da Primeira Turma para receber os interrogatórios, com disposição semelhante à de uma corte do júri. Na tribuna principal estarão o relator do caso e o procurador-geral da República, Paulo Gonet.

Os réus ficarão sentados lado a lado em ordem alfabética, o que colocará Bolsonaro ao lado de Cid, que fechou delação premiada com a Polícia Federal, e do general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional.

“Os investigados estavam proibidos de se comunicar”, lembra trecho do processo sobre uma das restrições impostas durante as apurações. Agora, terão que compartilhar o mesmo espaço durante os interrogatórios, que seguirão ordem alfabética. Bolsonaro será o sexto a depor, o que deve acontecer entre terça (10) e quarta-feira (11).

O ex-presidente Jair Bolsonaro e o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Foto: Antonio Augusto/TSE

A estratégia de interrogatórios foi planejada para garantir o direito de defesa, permitindo que todos os acusados saibam o que foi dito pelos demais. Mauro Cid será o primeiro a ser ouvido, e seu depoimento como delator é considerado crucial para o caso. As informações prestadas por ele levaram os investigadores a outras provas que, segundo a PGR, atestam a participação de Bolsonaro intentona.

Os interrogatórios serão feitos na seguinte ordem:
– Mauro Cid (delator e ex-ajudante de ordens)
– Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin)
– Almir Garnier Santos (ex-comandante da Marinha)
– Anderson Torres (ex-ministro da Justiça)
– Augusto Heleno (ex-GSI)
– Jair Bolsonaro (ex-presidente)
– Paulo Sérgio Nogueira (ex-Defesa)
– Walter Braga Netto (ex-Casa Civil)

Braga Netto, único que não estará presente fisicamente por estar preso no Rio, será interrogado por videoconferência com sua imagem exibida em telão.

Os réus têm direito constitucional de permanecer em silêncio para não se autoincriminarem, mas há expectativa de que alguns, incluindo Bolsonaro, Cid e Torres, optem por responder às perguntas. O ministro Moraes conduzirá os interrogatórios, com possibilidade de questionamentos também da PGR e das defesas.

Entre os pontos-chave que serão abordados estão:
– A veracidade das acusações da PGR
– O conhecimento sobre outras pessoas envolvidas
– O paradeiro no momento dos fatos
– O conhecimento sobre testemunhas e objetos relacionados ao caso
– Alegações finais de defesa

Núcleo 1 do golpe: Jair Bolsonaro, Braga Netto, Augusto Heleno, Anderson Torres, Mauro Cid, Alexandre Ramagem, Almir Garnier Santos e Paulo Sérgio Nogueira. Foto: reprodução

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Last Update: 06/06/2025