Documento permite ao Brasil ampliar exportações de proteína animal e foi entregue ao presidente em Paris pela diretora da Organização Mundial de Saúde Animal
“Nós temos mais mundo para ganhar”. A frase, dita nesta sexta, 6 de junho, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Paris, representa um status aguardado pelos produtores brasileiros há seis décadas: o título que certifica o Brasil como país livre da febre aftosa sem vacina. O documento foi entregue a Lula e ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, pela diretora da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), Emmanuelle Soubeyran. Com ele, o Brasil, maior exportador de proteína animal do planeta, pode ampliar ainda mais as exportações e reforçar sua posição de destaque no setor.
É o reconhecimento de um país que tem no agronegócio, na pecuária, uma das suas mais importantes vertentes econômicas. É o reconhecimento da robustez e da confiabilidade do nosso sistema de defesa agropecuária”, afirmou Lula
“Mesmo sem a vacinação, está comprovado que a febre aftosa não circula em nosso país. E cabe a nós não permitir que volte a circular nos nossos territórios”, completou o presidente do Brasil.
Para a presidente da OMSA, a certificação representa um marco histórico para o país. “É uma honra e um privilégio estar aqui diante dos senhores para celebrar este dia. O Brasil está pronto para ir adiante. Essa conquista decorre de muito planejamento”, disse Soubeyran. Para ela, “este dia começou em 1998”, quando os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina foram reconhecidos como primeiras zonas livres da doença.
Sistema Sanitário
Segundo o ministro Carlos Fávaro, o país avançou nos últimos anos no fortalecimento do sistema sanitário e isso permitiu ao país ser agraciado com o título. “O Brasil vem avançando no que tange a sustentabilidade, a produção com respeito às regras sociais e ambientais. E, mais recentemente, resultado de trabalho, de investimento, de grandes parcerias, avança a passos largos na questão sanitária. Ninguém no mundo consegue ter um sistema sanitário tão eficiente e robusto como o brasileiro”, afirmou o ministro da Agricultura.
Décadas
Fávaro lembrou a longa jornada do Brasi até chegar a Paris para ser certificado como um país livre da febre aftosa sem vacina. “São mais de 60 anos que o Brasil enfrenta a doença. Foram diversas campanhas e parcerias com iniciativa privada, entidades representativas, estados, municípios, países vizinhos. O Brasil teve papel de protagonismo. Fez acordos com Bolívia, Paraguai, Colômbia, Venezuela e Guiana, distribuiu vacinas. Isso porque não adiantaria conseguir este certificado hoje se, em torno do Brasil, estivéssemos com focos de febre aftosa”, ressaltou o ministro.
Segurança Alimentar
A cerimônia contou com a participação dos presidentes da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, e da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), Roberto Perosa. Ambos destacaram a importância da certificação e as oportunidades que permite ao setor. “Isso vai se reverter em dinheiro na balança comercial. É gratificante vivenciar esse momento de um Brasil que é forte, que está querendo cada vez mais mostrar ao mundo que não vai abrir mão da responsabilidade com a segurança alimentar global”, afirmou Santin.
Exportações
O presidente da ABIEC reforçou um número que enfatiza a força do Brasil no mercado de proteínas. “Exportamos 3 milhões de toneladas no ano passado, mas o principal mercado da carne bovina brasileira é o Brasil. Nós deixamos no Brasil 70% da produção e exportamos os excedentes. Com essa certificação, vai ser possível aumentar os mercados”, disse Perosa.
O que é
A febre aftosa é uma doença infecciosa aguda que causa febre, seguida do aparecimento de vesículas (aftas), principalmente, na boca e nos pés de animais de casco fendido, como bovinos, búfalos, caprinos, ovinos e suínos. É causada por um vírus, que pode se espalhar rapidamente, caso as medidas de controle e erradicação não sejam adotadas logo após a detecção.
Agenda
A cerimônia de certificação foi o terceiro compromisso do presidente Lula nesta sexta-feira, segundo dia de agenda oficial na França. Antes, ele visitou a exposição “Nosso Barco Tambor Terra”, do artista brasileiro Ernesto Neto, no Grand Palais, ao lado do presidente Emmanuel Macron, e recebeu o título de Doutor Honoris Causa na Universidade Paris 8.
Recepção
A visita de Estado teve início na quinta-feira, 5 de junho, com uma recepção oficial na Esplanada dos Inválidos, seguida por reunião bilateral com o presidente Emmanuel Macron e de declaração conjunta à imprensa no Palácio do Eliseu. No período da tarde, Lula recebeu homenagem da Academia Francesa, teve reunião com a prefeita de Paris, Anne Hidalgo e conversou com integrantes da comunidade brasileira na França. No início da noite, participou de jantar de Estado oferecido pelo governo francês e presenciou a Torre Eiffel ser iluminada com as cores do Brasil, numa reverência à presença da delegação nacional na França.
Retomada
A visita de Lula é a primeira de um chefe de Estado brasileiro à França em 13 anos e junta-se a um amplo processo de retomada das relações entre as nações, iniciada em 2023 e que teve como destaque a visita de Macron ao Brasil no ano passado. É a terceira visita de Estado do presidente Lula ao país. As anteriores foram em 2005, durante a presidência de Jacques Chirac, e em 2009, na presidência de Nicolas Sarkozy.
Publicado originalmente pela Agência Gov em 06/06/2025