
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) usou as credenciais de uma juíza de Novo Hamburgo (RS) para acessar o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserir documentos falsos. O hacker Walter Delgatti Neto, condenado pelo caso junto dela, teria coletado clandestinamente as informações.
“Fui surpreendida. No momento que eles roubaram meus dados, eu fiquei impedida de acessar o sistema. Só fiquei sabendo que tinha sido a Zambelli e esse hacker quando o PGR ofereceu denúncia, informando que foram utilizados os meus dados”, disse a magistrada, que preferiu não se identificar, ao g1.
A juíza atua na área criminal e diz que estranhou os alvarás de solturas e outros documentos emitidos a partir de seus acessos pessoais. Delgatti e Zambelli também determinaram a restrição judicial de um veículo no sistema do CNJ.
“Óbvio que não foram cumpridos, porque eu não tenho jurisdição sobre um preso que tem a prisão decretada por um juiz federal ou um preso de outro estado. Nenhum alvará foi cumprido”, prosseguiu a magistrada.
Segundo ela, a Corregedoria do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) e o CNJ foram informados assim que a irregularidade foi identificada. A magistrada afirma que um segundo juiz, de outro estado, também teve os acessos usados clandestinamente.

Entre os documentos inseridos está um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões (BNMP).
O hacker foi condenado a 8 anos e 3 meses de prisão, enquanto a deputada foi sentenciada a 10 anos, perda de mandato parlamentar e inelegibilidade. Os dois ainda terão que pagar uma indenização de R$ 2 milhões por danos morais e coletivos.