
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou nesta sexta-feira (6) os pedidos da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para suspender a tramitação da ação penal que investiga a trama golpista de 2022. A decisão mantém Bolsonaro como réu no processo, que deve ter seu julgamento no segundo semestre deste ano.
Em sua decisão, Moraes refutou os dois principais argumentos da defesa do ex-presidente. O primeiro alegava falta de acesso à íntegra das provas reunidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. O ministro afirmou que todo o material já está disponível nos autos e que as novas provas apresentadas pela própria defesa “em nada alteraram os fatos imputados na acusação”.
O segundo argumento, que pedia o direito de Bolsonaro ouvir primeiro os depoimentos de testemunhas de outros grupos de acusados, também foi rejeitado. Moraes destacou que o ex-presidente poderia ter incluído essas pessoas em sua lista de testemunhas, que originalmente continha 15 nomes (seis dos quais foram posteriormente descartados), mas poderia chegar a 40.

“O réu se defende dos fatos que lhe sejam imputados pelo Ministério Público na denúncia e não de fatos imputados a outros réus em denúncias diversas”, escreveu o ministro em sua decisão.
O processo avança enquanto Bolsonaro se prepara para prestar depoimento à Primeira Turma do STF na próxima semana, como parte da fase de instrução do caso. A ação investiga os esforços de membros de seu governo, militares e empresários para manter o ex-presidente no poder após sua derrota nas eleições de 2022.
Na véspera dessa decisão de Moraes, Bolsonaro prestou prestado depoimento à Polícia Federal sobre outro inquérito relacionado, este investigando ações do deputado Eduardo Bolsonaro (PL), seu filho, junto ao governo de Donald Trump, nos Estados Unidos, para obter sanções contra autoridades brasileiras.
Durante coletiva após o depoimento, o ex-presidente revelou ter enviado “bastante dinheiro legal” ao filho: “Eu botei R$ 2 milhões na conta dele, ok? Bastante até, dinheiro limpo, legal, até Pix”.
“Vocês sabem que lá atrás eu não fiz campanha, mas foram depositados na minha conta R$ 17 milhões. Eu botei R$ 2 milhões na conta dele (Eduardo Bolsonaro). Lá fora, tudo é mais caro, e eu tenho dois netos, de 4 anos e de 1 ano de idade. Ele está lá fora, e eu não quero que passe… pic.twitter.com/qLvqwftca3
— GloboNews (@GloboNews) June 5, 2025