Na última quinta-feira (29), estudo publicado no American Journal of Preventive Medicine revelou que mulheres grávidas em estados norte-americanos com proibições ou restrições ao aborto enfrentam condições precárias de acesso à saúde. A pesquisa, conduzida por instituições como a Harvard Medical School e a Hunter College, mostrou que 258.362 gestantes não tinham cobertura de saúde em 2022, sendo 62% delas residentes em estados com leis antiaborto. Texas (21%), Arkansas (18,8%) e Flórida (18,6%) lideram a lista de estados onde as grávidas carecem de seguro médico, todos com políticas restritivas ao aborto após a revogação de Roe v. Wade em 2022.
Os dados, extraídos do Behavioral Risk Factor Surveillance System (BRFSS) de 2014 a 2022, analisaram 20.919 mulheres grávidas. Nos estados com restrições, 15% das gestantes não possuem seguro médico, contra 9,9% em outros estados. Além disso, 19,5% não conseguiram pagar consultas médicas no último ano, e 29,2% não tinham um médico de referência, comparado a 13,1% e 21,5% em estados sem proibições. A situação é agravada para gestantes com doenças crônicas, como diabetes, que enfrentam maior dificuldade de acesso a cuidados médicos essenciais, aumentando riscos para mães e bebês.
A principal causa apontada pelo estudo é a política restritiva de Medicaid, programa de saúde pública dos EUA. Três fatores explicam o problema: a recusa de estados em expandir o Medicaid conforme a Lei de Cuidados Acessíveis (ACA), a proibição de cobertura para imigrantes grávidas documentadas com menos de cinco anos de residência e os limites rigorosos de renda para elegibilidade. Essas barreiras refletem a negligência dos governos estaduais em garantir assistência à saúde, especialmente em regiões que impõem a continuidade de gestações indesejadas.
Steffie Woolhandler, autora sênior do estudo e pesquisadora da Hunter College e Harvard, declarou: “as altas taxas de mortalidade materna e infantil nos EUA são uma vergonha nacional, e os estados que baniram o aborto têm o pior desempenho. Políticos desses estados dizem valorizar crianças e famílias, mas suas políticas negam cuidados às grávidas, falando mais alto que suas palavras”. Adam Gaffney, autor principal, acrescentou: “muitos governos estaduais forçam mulheres a manter gestações indesejadas, mas mantêm barreiras que as impedem de acessar cuidados médicos. Essas lacunas de atendimento vão piorar se o Congresso cortar o Medicaid. Em vez de enfraquecer a rede de proteção, o Congresso deveria expandir a cobertura e garantir que todas as mulheres tenham acesso aos cuidados necessários antes, durante e após a gravidez, incluindo o aborto”.
A pesquisa expõe um ataque aos direitos democráticos das mulheres, evidenciando uma tendência fascista no regime imperialista. Estados com políticas antiaborto não apenas restringem a autonomia reprodutiva, mas também privam gestantes de cuidados básicos, agravando a opressão contra as mulheres.
Dados do Guttmacher Institute indicam que, desde 2022, 14 estados implementaram proibições totais ao aborto, enquanto outros 11 impuseram restrições severas, afetando 41% da população feminina em idade reprodutiva nos EUA. A falta de acesso à saúde reprodutiva, somada à precariedade do sistema de saúde pública, coloca em risco a vida de milhares de mulheres e bebês, especialmente em comunidades operárias mais pobres.