Na noite de quinta-feira (5), véspera do feirado Eid al-Adha (também conhecido como Festa do Sacrifício, um dos feriados mais importantes do Islã), a capital libanesa foi novamente alvo da ofensiva sionista. A aviação da ocupação lançou ao menos oito ataques aéreos sobre bairros densamente povoados do sul de Beirute, ignorando completamente a presença do Exército Libanês e da comissão de cessar-fogo das Nações Unidas que já estavam no local para inspecionar os edifícios supostamente visados. A operação, segundo o Canal 14 da própria imprensa sionista, foi coordenada diretamente com os Estados Unidos.
O bombardeio começou com ameaças diretas de ataque a pelo menos cinco edifícios nos bairros de Hadath, Haret Hreik e Burj al-Barajneh. Diante das ameaças, multidões tentaram fugir da região, gerando um congestionamento generalizado. Minutos depois, os aviões lançaram duas rajadas iniciais de mísseis sobre a área de Al-Qaim, atingindo diretamente os prédios identificados. Horas depois, novas investidas aéreas ampliaram o número de alvos, incluindo a cidade de Ain Qana, no sul do Líbano.
Segundo fontes do canal libanês Al Mayadeen, o Exército Libanês havia sido previamente autorizado, com apoio de todas as facções políticas, a adentrar os edifícios suspeitos em coordenação com a comissão da ONU. Mesmo ciente disso, a ocupação sionista iniciou os bombardeios durante o processo de inspeção, forçando os militares libaneses a se retirarem imediatamente, como relatado por um oficial de segurança local. Para o deputado Ali Hassan Khalil, o ataque “mostra que o inimigo não reconhece nem respeita nenhum tipo de coordenação internacional”.
A resposta do governo libanês foi unânime e firme. O presidente Joseph Aoun declarou que a agressão representa uma “mensagem clara aos Estados Unidos, entregue através da destruição de prédios e do sangue dos civis libaneses”, acrescentando que se trata de “uma violação direta de acordos internacionais e uma prova cabal da rejeição de ‘Israel’ a qualquer estabilidade ou paz justa”. O primeiro-ministro Nawaf Salam qualificou a operação como uma “violação flagrante da soberania nacional e da Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU”. O presidente do Parlamento, Nabih Berri, por sua vez, afirmou que o ataque deve “unir todos os libaneses, pois não se trata de uma agressão contra uma região ou uma religião específica, mas contra todo o povo libanês, árabe e muçulmano”.
A ofensiva também foi denunciada por diferentes partidos e lideranças políticas. O deputado Raed Berro, do bloco da Resistência, compareceu pessoalmente aos locais bombardeados e declarou: “Estamos a poucos metros de onde os mísseis caíram. Não temos medo e celebraremos o Eid amanhã”. Já o ministro do Trabalho, Mohammad Haidar, rejeitou a justificativa apresentada pela entidade sionista, classificando-a como “frágil” e afirmando que o verdadeiro objetivo era “desmoralizar a população em uma data religiosa importante”.
O Movimento Patriótico Livre (FPM), ligado ao campo cristão nacionalista, emitiu nota denunciando a “barbárie sionista” e exigiu que os países que se dizem patrocinadores da “paz” tomem medidas urgentes contra a ocupação.
Operação do Iêmen em solidariedade a Gaza e ao Líbano
Em resposta direta aos bombardeios de Beirute e ao genocídio em curso na Faixa de Gaza, as Forças Armadas do Iêmen lançaram um míssil balístico hipersônico do tipo Palestina-2 contra o aeroporto Ben Gurion, próximo a Telavive. A ação foi anunciada pelo porta-voz militar iemenita, general Yahya Saree, que confirmou que o ataque atingiu o alvo e resultou no fechamento do espaço aéreo, com colonos se dirigindo em massa a abrigos antiaéreos.
Segundo Saree, esta foi a 46ª operação da resistência iemenita desde a retomada dos ataques sionistas em Gaza, marcando uma mudança estratégica: do bloqueio marítimo no Mar Vermelho para ataques de longo alcance diretamente contra o território ocupado. “Esta operação é em apoio ao povo palestino e à sua resistência, bem como em resposta direta ao crime de fome e sede em Gaza e à agressão contra Beirute”, afirmou em pronunciamento televisionado.
A mensagem da resistência iemenita foi clara: “o povo iemenita, sua liderança fiel e seu exército combatente estarão ao lado de Gaza até que a agressão cesse e o cerco seja levantado”. O porta-voz também saudou os mártires, feridos e prisioneiros palestinos, qualificando Gaza como “a linha de frente da dignidade e da honra de toda a nação islâmica”.
A operação iemenita amplia o isolamento da entidade sionista na região e demonstra que o Eixo da Resistência — formado por palestinos, libaneses, sírios, iemenitas e iranianos — permanece ativo e articulado, desafiando a aliança militar entre os Estados Unidos e “Israel”. A escalada no Líbano representa mais um esforço desesperado da ocupação para conter o avanço da resistência e impedir o cerco completo por todos os flancos do território usurpado.