
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compareceu à Polícia Federal nesta quinta-feira (5) para prestar depoimento sobre as ações do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos. A oitiva foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que argumentou que o ex-presidente seria “diretamente beneficiado” pelas articulações do filho e por ter assumido os custos de sua permanência no exterior.
Segundo aliados, Bolsonaro deve afirmar à PF que foi surpreendido com a decisão de Eduardo de se mudar para os EUA e que, inicialmente, não aprovou a ideia. O ex-presidente também deve alegar que não fala inglês e, portanto, não teria condições de articular qualquer ação internacional.
Sobre o apoio financeiro, sua defesa sustenta que se trata de uma ajuda familiar comum, já que, como pai e avô, seria seu “dever” auxiliar o filho, a nora e os netos em um momento de necessidade.
Investigação contra Eduardo
O inquérito, conduzido pelo delegado Fábio Shor, apura se o terceiro filho do ex-presidente atuou para que o governo dos EUA impusesse sanções a ministros do STF, especialmente Moraes. O deputado, que está licenciado do mandato desde fevereiro, já admitiu publicamente buscar apoio de autoridades estrangeiras contra membros do Judiciário brasileiro.
A PF também investiga crimes como obstrução de Justiça, organização criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e coação no curso do processo.

Apesar de Bolsonaro não ser formalmente investigado, sua condição de “beneficiário indireto” das ações de Eduardo pode levá-lo a ser incluído no processo.
A decisão de Moraes de ouvir o ex-presidente aumentou a tensão entre seus aliados, com temores de que ele possa ser alvo de medidas mais duras, como prisão preventiva ou bloqueio de bens.
“Quando Moraes determina o depoimento de Bolsonaro, quer insinuar que o ex-presidente está financiando alguém que está cometendo um crime agora, no exterior – no caso, o Eduardo”, afirmou uma fonte próxima ao caso.
O ex-presidente tem direito a permanecer em silêncio e não é obrigado a responder perguntas que possam incriminá-lo.