
A Corte de Imigração dos Estados Unidos decidiu libertar o estudante brasileiro Marcelo Gomes, de 18 anos, preso no último sábado em Milford, Massachusetts, em uma operação das autoridades migratórias do governo Donald Trump. A polícia admitiu que o alvo era João Paulo Gomes Pereira, pai de Marcelo, que foi detido ao dirigir um carro registrado em nome do progenitor.
Durante a audiência nesta quinta-feira (5), a defesa argumentou que Marcelo é um “cidadão ideal” e não representa risco. “Ele está profundamente integrado na comunidade”, afirmou a advogada Robin Nice à juíza.
A defesa ainda destacou que o jovem vive nos EUA desde os sete anos, tem dois irmãos menores que são cidadãos estadunidenses e “não tinha outro lugar para ir”. “Ele não deveria ter sido preso”, insistiu Nice.
A liberação foi concedida sob condições: Marcelo deve informar qualquer mudança de endereço, pagar um seguro de US$ 2 mil e comparecer à corte se convocado. Sua próxima audiência pode levar até um ano para ocorrer.
Nos últimos dias, a defesa denunciou que o jovem estava “em condições horríveis”. “Ninguém poderia ser mantido em um lugar como aquele por mais de algumas horas. Ele dormia em um chão de cimento, estava doente e não tinha cama”, relatou Nice.
O caso gerou comoção em Massachussetts. A formatura de Marcelo em Milford virou protesto contra as políticas migratórias de Trump, e alunos de sua escola abandonaram as aulas em solidariedade. A governadora de Massachusetts, Maura Healey, pediu sua soltura: “Estou pedindo que o ICE faça a coisa certa. Liberte Marcelo”.

Em entrevista à Folha, o pai de Marcelo revelou a conversa que teve como Healey, que pediu desculpas pelo ocorrido: “Ela mesma ligou para nós e disse que podemos contar com ela no que a gente precisar. Ela pediu desculpas pelo ocorrido e disse que está orando para que o Marcelo saia logo”.
Em coletiva, autoridades admitiram que o alvo era o pai do estudante. A revelação aumentou a indignação, e uma liminar impediu sua deportação. Healey destacou que Marcelo é um “estudante exemplar”, jogador de vôlei e membro da banda escolar. “Ele foi levado diante de seus amigos, colocado numa prisão sem notificação ou explicação”, disse.
O ICE admitiu que Marcelo não tem antecedentes criminais. “Ele não era uma ameaça e nem era o alvo”, afirmou Healey. “Ele pertence à escola, não a uma prisão”.