Uma convenção partidária realizada pelo PSDB nesta quinta-feira 5 deu aval à incorporação do Podemos, legenda chefiada pela deputada federal Renata Abreu (SP), à estrutura do tucanato. Houve apenas dois votos contrários à aliança, entre os 203 participantes do encontro. O próximo passo é a formalização do arranjo na Justiça Eleitoral.
Formalmente, a união é tratada como uma fusão, quando dois ou mais partidos decidem se unir para formar uma nova sigla, com um novo nome, um novo estatuto e uma nova estrutura. Na prática, contudo, haverá uma incorporação do Podemos pelos tucanos.
O instrumento foi escolhido para evitar uma disputa jurídica com o Cidadania, que mantém uma federação com o PSDB. Mesmo que o partido chefiado por Comte Bittencourt já tenha sinalizado a separação dos tucanos, a aliança deve permanecer até 2026 – um rompimento antes do prazo, segundo a legislação eleitoral, poderia trazer penalidades às duas siglas.
A convenção desta quinta também deu poderes à direção nacional tucana para concluir as negociações com dirigentes do Podemos. Alguns detalhes da união ainda não estão completamente fechados, segundo lideranças: há divergências, por exemplo, em relação à governança e ao número de urna (manter o 45 do PSDB ou o 20 do Podemos).
Embora tenha sua história entrelaçada com a redemocratização do Brasil, o PSDB não tem conseguido empolgar os eleitores. O ano passado marcou o auge da crise, com o pior desempenho eleitoral de sua história: não elegeu prefeito em nenhuma capital. Aposta do PSDB em São Paulo, o apresentador José Luiz Datena perdeu fôlego e recebeu apenas 1,8% dos votos.
No mais recente capítulo desse encolhimento, a sigla perdeu nos últimos meses a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (hoje no PSD), sua vice e os 32 prefeitos e prefeitas que tinha no estado. Além disso, viu o gaúcho Eduardo Leite migrar para o PSD de Gilberto Kassab e corre o risco de perder o governador Eduardo Riedel (MS).