Em alusão ao Dia Mundial do Meio Ambiente, o Sintaema promoveu nesta quinta (5) um importante debate com o tema “Planeta versus Bilionários: a luta de classes é ecológica”, reunindo especialistas para refletir sobre os impactos da destruição ambiental e as desigualdades sociais cada vez mais acentuadas.

O evento contou com a participação de dois palestrantes que trouxeram análises contundentes e dados alarmantes sobre a crise climática, suas raízes estruturais e os desafios da classe trabalhadora frente ao colapso ambiental.

A crise ambiental e a luta de classes

O geógrafo Márcio Ackermann, perito do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, abriu o debate destacando a atual conjuntura política e como a onda de extrema direita no Brasil e no mundo tem aprofundado a crise ecológica e social. Para ele, o meio ambiente é vítima de um modelo de desenvolvimento desigual, marcado pela exploração desenfreada e pela concentração de riqueza.

Ackermann resgatou o vínculo histórico entre o processo de industrialização e as mudanças climáticas. Criticou o uso genérico da frase “o homem está destruindo a natureza”, perguntando: “Que homem é esse? O indígena ou o homem da sociedade capitalista? Ou o próprio sistema capitalista?”. Ele destacou que a humanidade está longe de ser um bloco homogêneo: a destruição do planeta está a serviço dos 8% que concentram 80% da riqueza mundial, enquanto os outros 92% pagam o preço do colapso ambiental, social e civilizatório.

O geógrafo também alertou sobre o desmonte das políticas públicas de fiscalização ambiental. Citou o caso emblemático de Ubatuba, onde tragédias ambientais recentes escancararam a lucratividade com o desastre. Denunciou a fragilização dos processos de licenciamento e os riscos representados por propostas como o PL 2159, que acelera a destruição com o pretexto de “desburocratização” e desregulamentação do licenciamento ambiental.

Para Ackermann, o desmonte ambiental está diretamente conectado à luta política mais ampla: “A atuação sindical e a defesa do meio ambiente caminham juntas. E as eleições de 2026 serão fundamentais para barrar essa marcha da destruição”.

Os bilionários e seus seguidores não cabem neste mundo

Na sequência, o urbanista Renato Tagnin, especialista em planejamento urbano e metropolitano, trouxe reflexões sobre os limites planetários e a forma como o modelo de consumo e produção liderado pelos bilionários ultrapassa qualquer possibilidade de sustentabilidade.

Tagnin demonstrou como o atual modelo econômico impulsiona a devastação ambiental e destacou o avanço alarmante dos agrotóxicos, com consequências diretas para a saúde da população, especialmente crianças e jovens. “Hoje, os mananciais e a água que chega às torneiras estão potencialmente contaminados. A sede de lucro contamina até a nossa água potável”, alertou.

Ele também frisou a urgência de preservar a integridade da biosfera, o que envolve lutar contra a concentração de renda e o fim do desmonte de políticas públicas. Citando relatório recente da Oxfam, Tagnin apontou que 4 em cada 5 países cortaram seus orçamentos em áreas como educação, saúde, proteção social e meio ambiente, num claro retrocesso civilizacional.

Sua fala reforçou que a luta ecológica é inseparável da luta por justiça social: “A desigualdade social é uma força destruidora do planeta. E precisamos, urgentemente, repensar o modelo de sociedade que estamos alimentando e deixar claro que, os insatisfeitos, podem se mudar para Marte”.

Sintaema convoca para ação

O debate promovido pelo Sintaema foi um forte chamado à ação. Ao conectar a destruição ambiental com a luta de classes, os palestrantes mostraram que a crise climática não é neutra: ela tem responsáveis, tem vítimas e tem caminhos de resistência.

Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, o Sintaema reafirma seu compromisso com a defesa da vida, dos bens naturais e dos direitos da classe trabalhadora. E reforça: a luta sindical é também ecológica. O planeta não pode esperar.

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Last Update: 05/06/2025