
Bilionários do Vale do Silício estão promovendo uma nova visão de governança que desafia os modelos tradicionais de Estado-nação e democracia. Com o conceito de “Estado em Rede”, eles pretendem criar nações digitais e comunidades autônomas, governadas por empresas, com base em tecnologias emergentes como blockchain e criptomoedas.
Este é o desafio que o Brasil enfrenta no contexto mundial.
Balaji Srinivasan, ex-sócio da Andreessen Horowitz e figura proeminente no universo das criptomoedas, é um dos principais defensores dessa ideia. Em uma conferência realizada em Amsterdã no ano passado, Srinivasan sugeriu que as pessoas poderiam escolher sua cidadania da mesma forma que escolhem seu provedor de internet. Ele afirmou: “Criamos novas empresas como o Google, novas comunidades como o Facebook, novas moedas como o Bitcoin e Ethereum. Será que podemos criar novos países?”.
Srinivasan foi além, defendendo a ideia de que startups e empresas emergentes poderiam substituir as instituições tradicionais, como escolas, hospitais e governos, por um sistema baseado em liberdade econômica e descentralização. Ele afirmou: “Imagine mil startups diferentes, cada uma substituindo uma instituição tradicional diferente. Elas existem paralelamente ao sistema estabelecido, vão atraindo os usuários, vão ganhando força, até se tornarem o novo.”
O conceito de “Estado em Rede” prevê que as comunidades formadas em torno de interesses ou valores comuns adquiririam território físico, criando seus próprios países com leis próprias. Para Srinivasan, isso não representa uma utopia distante. “O Brasil não vai abrir mão de uma riqueza essencial para seu desenvolvimento. Que país hoje pode prescindir do petróleo? Nenhum pode se livrar disso tão rápido”, disse ele, destacando como a tecnologia pode gerar uma nova forma de governança.

Este movimento gerou preocupações sobre o futuro da democracia e os direitos dos cidadãos. Se implementado, o modelo poderia resultar na criação de uma elite corporativa que controlaria a vida das pessoas, substituindo líderes eleitos por ditadores corporativos. Além disso, o poder concentrado nas mãos de poucas empresas poderia minar as garantias democráticas, colocando em risco a liberdade e a justiça social.
Projetos de cidades autônomas e comunidades digitais já estão sendo implementados, como a Cabin, uma “cidade em rede de aldeias modernas” e a Culdesac, uma comunidade no Arizona voltada para trabalho remoto. A cidade Próspera, em Honduras, também segue esse modelo, permitindo que empresas criem suas próprias leis e regulamentações.
Na prática, o presidente dos EUA, Donald Trump, é um office-boy dos bilionários do Vale do Silício. O drogado Elon Musk era apenas a face mais visível dessa plutocracia golpista.
A ascensão desse modelo, que mistura empreendedorismo com governança, levanta questões sobre o futuro da soberania nacional e o papel das corporações na administração pública.
Se as empresas de tecnologia tiverem sucesso em criar seus próprios “países”, isso poderia significar o fim das democracias atuais e a implantação de um novo sistema de poder corporativo global, onde os cidadãos seriam, em última instância, clientes e produtos de empresas que controlam tudo, desde a moeda até a infraestrutura e a legislação.