O açúcar está amplamente presente no cardápio diário dos brasileiros, especialmente em produtos industrializados como refrigerantes, bolos, biscoitos e molhos prontos. O consumo frequente e excessivo desses alimentos pode trazer prejuízos à saúde, já que eles oferecem muitas calorias e poucos nutrientes. Esse hábito alimentar tem relação direta com o crescimento da obesidade, que afeta milhões de pessoas no mundo. 

Um dos motivos para isso é o efeito que o açúcar exerce sobre o cérebro. Estudos indicam que ele ativa os centros de recompensa de maneira semelhante a substâncias como nicotina e cocaína, criando um ciclo de dependência que estimula um consumo cada vez maior. Um levantamento conduzido pela Universidade de Princeton demonstrou que ratos alimentados com açúcar apresentaram sintomas de abstinência, como ansiedade e tremores, sugerindo que o mesmo pode ocorrer com humanos.

“É um ciclo de dependência. Quanto mais você consome, mais o corpo pede. Isso leva ao aumento do apetite e à dificuldade de controlar a ingestão calórica. É por isso que podemos dizer que o açúcar é um dos principais vilões silenciosos da alimentação contemporânea. Ele não apenas contribui diretamente para o ganho de peso, mas também provoca alterações hormonais que dificultam o emagrecimento, mesmo quando a pessoa passa a ter hábitos mais saudáveis”, explica o médico gastroenterologista Mauro Lúcio Jácome.

Consumo de açúcar no Brasil

O consumo de açúcar no Brasil permanece elevado, com os brasileiros ingerindo, em média, cerca de 80 gramas por dia, o equivalente a aproximadamente 20 colheres de chá. Esse valor supera significativamente as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que orienta um limite de 25 a 50 gramas diárias para uma dieta de 2.000 calorias.

Como o açúcar age no organismo e provoca obesidade

O problema se agrava quando o açúcar ingerido em excesso é convertido em gordura pelo corpo, principalmente na região abdominal. Quando a glicose no sangue não é utilizada como fonte de energia, ela é armazenada sob a forma de triglicerídeos, contribuindo diretamente para o aumento do peso. Além disso, depois que a obesidade se instala, a perda de peso se torna um desafio ainda maior. “O corpo cria uma espécie de ‘memória metabólica’. Uma vez obeso, o metabolismo desacelera e a resistência à insulina aumenta, o que dificulta a queima de gordura”, esclarece o médico.

Essa dificuldade para emagrecer foi comprovada por um estudo publicado na revista The Lancet Diabetes & Endocrinology, em 2022. A pesquisa mostrou que, após uma década de obesidade, o corpo tende a manter o peso corporal em patamares mais altos, exigindo muito mais esforço para que o indivíduo consiga perder peso de forma sustentável.

Jovem com cabelo liso, solto e usando uma regata cinza com uma maçã verde na mão e com a outra recusando um donut
Substituir sobremesas doces por frutas frescas é um ótimo passo para diminuir a ingestão de açúcar (Imagem: Pormezz | Shutterstock)

Benefícios da redução do consumo de açúcar

Apesar dos riscos associados ao consumo elevado de açúcar, a solução não está necessariamente na sua eliminação total, mas sim na redução consciente e gradual. “O que proponho não é um corte radical, mas uma reeducação alimentar. Ler rótulos, evitar ultraprocessados e escolher frutas no lugar de sobremesas açucaradas já é um grande passo”, aconselha Mauro Lúcio Jácome.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o consumo de açúcares livres, aqueles adicionados a alimentos e bebidas, não ultrapasse 10% da ingestão calórica diária. Para um adulto, isso representa cerca de 50 gramas por dia. Diretrizes mais recentes sugerem reduzir esse valor pela metade, para que os efeitos positivos na saúde sejam mais evidentes.

Todavia, reduzir o açúcar traz benefícios que vão muito além da balança. Estudos comprovam que essa mudança de hábito diminui significativamente o risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, esteatose hepática (gordura no fígado) e até certos tipos de câncer.

Por Ícaro Ambrósio

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Last Update: 04/06/2025