Nascido em Deir al-Qamar, no atual Líbano, George Antonius destacou-se como intelectual, homem público e defensor incansável da causa árabe frente ao avanço imperialista sobre o Oriente Médio. Sua obra mais célebre, The Arab Awakening (O despertar árabe, em tradução livre), é até hoje considerada uma referência fundamental para compreender o surgimento do movimento nacional árabe na era moderna.
Filho de Habib Antonius, George teve sua formação básica em Alexandria, no prestigiado Victoria College (1902–1910), antes de se mudar para a Inglaterra, onde obteve seu diploma de engenharia pelo King’s College, em Cambridge, em 1913. Após retornar ao Egito, atuou brevemente no setor público antes de iniciar, durante a Primeira Guerra Mundial, uma colaboração com as forças britânicas como correspondente de guerra.
Terminada a guerra, transferiu-se para a Palestina, onde trabalhou inicialmente na administração britânica. Logo, porém, aproximou-se de círculos políticos ligados à luta pela autodeterminação árabe, integrando a delegação do rei Faiçal na Europa entre 1919 e 1921. Nessa época, procurou conscientizar a opinião pública britânica sobre a realidade vivida pelos povos árabes, chegando a falar diante de um grupo parlamentar no Reino Unido.
Entre 1921 e 1927, Antonius ocupou cargos na administração do Mandato britânico na Palestina. Tentou, sem sucesso, implementar reformas no Departamento de Educação, e mais tarde participou de negociações sobre fronteiras na Península Arábica. Em 1927, foi condecorado pelo Império Britânico, mas no ano seguinte renunciou a seus cargos e aproximou-se do movimento nacionalista árabe.
Em 1931, passou a atuar como conselheiro informal do Alto Comissário britânico na Palestina, ao mesmo tempo em que dava início à redação de sua principal obra. Nos anos seguintes, denunciou, em conferências nos Estados Unidos e no Canadá, a escalada do conflito na Palestina, fruto da política pró-sionista do Reino Unido. Durante a Grande Revolta Árabe (1936–1939), foi testemunha na Comissão Peel, perante a qual denunciou o favorecimento britânico ao movimento sionista. Em 1937, opôs-se veementemente à proposta de partilha da Palestina apresentada por essa comissão.
The Arab Awakening foi finalizado em 1938, quando Antonius vivia no Egito. O livro expõe a origem e o desenvolvimento do nacionalismo árabe moderno, destacando a traição dos países imperialistas — especialmente do Reino Unido — aos compromissos assumidos com os povos árabes durante a Primeira Guerra Mundial. Traduzido para o árabe e outras línguas, tornou-se uma leitura fundamental para intelectuais e militantes comprometidos com a libertação da Palestina e de todo o mundo árabe.
Em 1939, Antonius desempenhou papel central na Conferência de Londres, como secretário da delegação palestina e conselheiro das demais representações árabes. Nos anos finais de sua vida, envolveu-se com a coleta de informações sobre a opinião pública árabe durante a Segunda Guerra Mundial. Apesar de sua frágil saúde, continuou viajando entre Beirute, Egito e Palestina.
Faleceu em Jerusalém, em 1942. Seu funeral reuniu nomes proeminentes da intelectualidade palestina, como Ahmad Samih al-Khalidi e Khalil al-Sakakini, que prestaram homenagens a um dos maiores intelectuais de seu tempo. Antonius, além de estudioso rigoroso e profundo conhecedor do inglês e do francês, foi conselheiro de confiança do líder palestino Haj Amin al-Husseini e tornou-se uma das vozes mais eloquentes da luta pela emancipação árabe frente ao colonialismo.