No último dia 2, foi publicado no portal Brasil 247 uma coluna de Oliveiros Marques intitulada “Nikolas e o tráfico de drogas”, repercutindo falas do vereador de Belo Horizonte (MG) Pedro Rousseff (PT), em que o parlamentar associa o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) ao tráfico de drogas. As afirmações, no entanto, são absurdas.
Primeiro, porque não há nenhum indício concreto da ligação de Nikolas Ferreira com o tráfico. Segundo, porque o que a matéria busca fazer é, ao mesmo tempo que ataca o deputado com argumentos do tipo moral, que fogem da luta política e que nada teriam a oferecer de positivo aos trabalhadores, joga para a extrema direita aquilo que o próprio colunista está fazendo, ou seja, diz que é o chamado “gabinete do ódio” que se utiliza de informações falsas e baixas para atacar seus inimigos políticos, como no trecho que segue:
“Você provavelmente esbarrou por aí – numa notinha de rodapé, num canto esquecido de algum portal de notícias – com a informação de que o primo do deputado Nikolas Ferreira (PL) foi preso com mais de 30 kg de drogas, entre maconha e cocaína, no porta-malas do carro. Para quem age com a mesma moral oportunista, golpista e criminosa de certos personagens da nossa política, isso já seria suficiente para tirar conclusões rápidas e convenientes. Mas, por sorte dele, este espaço não compartilha dessa moral.”
Qual seria, portanto, a moral da esquerda para combater a extrema direita, se faz uso do mesmo tipo de ataque? Além disso, é importante lembrar que a esquerda brasileira tem como parte de seu programa a liberação das drogas, o que tornaria o ataque não só baixo, mas também um ataque contra a própria luta dos trabalhadores no Brasil, que vêm na polícia seu grande inimigo. Seria o mesmo de acusar alguma deputada direitista de ter realizado um aborto.
O texto segue, com a “revelação” de esquemas que já perseguiram os próprios parlamentares da esquerda em um passado não tão distante:
“O tal primo – preso e acusado de tráfico de drogas – é filho de um dos tios de Nikolas Ferreira que, por coincidência ou não, já foi secretário municipal numa cidade de Minas Gerais que, adivinhe só, foi contemplada com emendas parlamentares enviadas pelo próprio Nikolas. Um deputado sempre diligente quando o assunto é ajudar a família, afinal, é devoto de pátria, Deus e família. E já dá para imaginar o roteiro que o tal gabinete do mal escreveria: deputado repassa emendas ao tio; tio ocupa cargo público; filho do tio investe no tráfico internacional de drogas. Tudo em família.”
No próximo parágrafo, mais um ataque. Desta vez, ligado ao fato de que Nikolas vem de uma região em que o dito tráfico “narcopentecostal” atua:
“Em vídeo publicado nas redes sociais, Roussef traz um ingrediente ainda mais sinistro ao roteiro: lembrou que Nikolas vem de uma região da capital mineira que, após sua eleição como deputado federal, começaram a surgir denúncias de que seria dominada por uma facção narcopentecostal, que mistura tráfico e religião, usando a bandeira de Israel como símbolo.”
Por que o colunista estaria comentando tudo isso? Ele mesmo tenta responder a esta questão no próximo parágrafo. A verdade, porém, é simples: os ataques são ainda por conta da crise do Pix, resultado de uma medida completamente antipopular do governo do PT que abalou o Planalto, abrindo uma crise ainda não superada. As “denúncias” dariam um pretexto para que Nikolas fosse contrário à proposta, que a maioria esmagadora da população brasileira se colocou contra.
Ou seja, a política de ataques sem provas, de ligações familiares e regionais com o tráfico de drogas e o tom repressivo contra os criminosos, típico da própria direita, seriam para defender uma política direitista contra a população brasileira, tudo com vistas a tentar melhorar a imagem do governo para as eleições do próximo ano e, quem sabe, conseguir implantar o plano impopular.
“E por que estamos falando disso tudo agora? Porque, no mesmo vídeo, Pedro Roussef faz um alerta necessário. Lembra daquela proposta do governo federal para regulamentar o Pix com o objetivo de combater a lavagem de dinheiro, especialmente da corrupção e do tráfico? Aquela que Nikolas prontamente atacou em vídeo, distorcendo os fatos e se posicionando contra, como se estivesse “chupando a verdade”? Pois é. Qual seria o verdadeiro interesse por trás dessa oposição tão fervorosa a uma medida que visa aumentar a transparência das operações financeiras?”
A tentativa, no entanto, é inútil. O governo tem a chance de parar de fazer o programa imposto pelo imperialismo ao País e, ao invés de a esquerda tentar atacar Nikolas Ferreira com ataques de tipo moral, poderia levar adiante o programa que os trabalhadores escolheram nas eleições de 2022 ao votar em Lula, com uma luta política real contra os direitistas.