O historiador Karol Nawrocki foi eleito presidente da Polônia no segundo turno realizado no domingo (1). Ele venceu o prefeito de Varsóvia, Rafal Trzaskowski, com 50,89% dos votos, contra 49,11% do adversário. A participação foi de 71,63%, uma das mais altas dos últimos pleitos no país. Nawrocki concorreu com apoio do partido conservador Lei e Justiça (PiS), enquanto Trzaskowski representava a Coalizão Cívica, liderada pelo atual primeiro-ministro Donald Tusk.

A vitória de Nawrocki foi impulsionada principalmente pelo eleitorado rural e por eleitores mais velhos. Trzaskowski teve maior votação nas grandes cidades, mas não conseguiu reverter a vantagem do adversário. Ambos os candidatos defenderam o aumento dos gastos com defesa e o apoio à Ucrânia, mas divergiram sobre a entrada do país na OTAN. Trzaskowski é favorável à adesão ucraniana ao bloco militar, enquanto Nawrocki afirmou que não ratificaria a medida, por considerar que isso poderia levar a Polônia a um confronto direto com a Rússia.

Karol Nawrocki tem 42 anos, nasceu em Gdansk e é doutor em História. Ele foi diretor do Museu da Segunda Guerra Mundial de 2017 a 2021 e, desde então, preside o Instituto da Memória Nacional (IPN), órgão público voltado à investigação de crimes cometidos durante a ocupação nazista e o regime socialista na Polônia.

É autor de diversos livros, incluindo um publicado sob pseudônimo. Seus trabalhos acadêmicos tratam de temas como a oposição anticomunista, o crime organizado no período socialista e a história do esporte.

Durante a campanha, Nawrocki usou a palavra de ordem “Polônia em primeiro lugar, os poloneses em primeiro lugar” e defendeu o reforço de políticas de soberania nacional e valores católicos. Também se posicionou contra o acolhimento de refugiados ucranianos, criticando o volume de entrada no país e declarando que a população local deveria ter prioridade. O presidente eleito afirmou que a Ucrânia demonstrou “falta de gratidão” e acusou o presidente ucraniano, Vladimir Zelenski, de “insolência”.

Nawrocki também propôs a instalação de controles na fronteira com a Alemanha, alegando que migrantes estariam sendo devolvidos ao território polonês pelas autoridades alemãs. Ele defendeu que a Alemanha pague indenizações pela Segunda Guerra Mundial.

O novo presidente da Polônia se encontrou com Donald Trump na Casa Branca antes do primeiro turno. Segundo declarou à imprensa local, Trump teria lhe dito: “você vai ganhar”. O encontro foi alvo de críticas e levantou questionamentos sobre possível interferência externa na eleição polonesa.

Na reta final da campanha, Nawrocki foi envolvido em controvérsias. Reportagens indicaram que ele teria adquirido um imóvel de um idoso em circunstâncias consideradas estranhas por seus críticos. O portal Onet.pl publicou que Nawrocki teria contratado prostitutas quando trabalhava como segurança em um hotel no início dos anos 2000. O presidente eleito negou as acusações, classificando-as como falsas e prometeu processar os responsáveis pela divulgação.

Nawrocki também foi acusado de manter contatos com mafiosos e com grupos neonazistas. Ele negou qualquer envolvimento e afirmou que suas interações foram pontuais e de caráter profissional. Em entrevista, declarou: “ninguém jamais me ouviu dizer algo positivo sobre o nazismo”.

Com a vitória, Nawrocki assume um cargo com poderes de veto sobre leis aprovadas pelo parlamento e com autoridade sobre as Forças Armadas. Ele substituirá o atual presidente Andrzej Duda, também vinculado ao partido Lei e Justiça.

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Last Update: 03/06/2025