O desembargador Peterson Barroso, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, determinou a libertação de Marlon Brendon Coelho Couto, conhecido como MC Poze do Rodo. A decisão desta segunda-feira 2 anula a ordem de prisão expedida na semana passada, devido ao suposto envolvimento do cantor com o tráfico de drogas.

No documento, o magistrado afirmou não existirem elementos suficientes para justificar a prisão por 30 dias. “O alvo da prisão não deve ser o mais fraco (…), e sim os comandantes de facção temerosa, abusada e violenta, que corrompe, mata, rouba, pratica o tráfico, além de outros tipos penais em prejuízo das pessoas e da sociedade“, destacou Barroso.

Além disso, criticou o espetáculo midiático em torno da prisão do MC e disse haver indícios que comprometem o procedimento regular da polícia. “Pelo pouco que se sabe, o paciente teria sido algemado e tratado de forma desproporcional, com ampla exposição midiática, fato a ser apurado posteriormente.”

“Aqueles que levam fortuna do INSS contra idosos ficam tranquilos por nada acontecer e, ao mesmo tempo, prende-se um jovem que trabalha cantando e ganhando seu pão de cada dia, podendo responder à investigação e processo criminal em liberdade”, prosseguiu. “Tais extremos não combinam.”

O desembargador, contudo, impôs algumas restrições, a exemplo da proibição de se comunicar com pessoas investigadas por suposta ligação com o Comando Vermelho e da entrega do passaporte à Justiça. O cantor também está impedido de se mudar sem autorização prévia e obrigado a se apresentar mensalmente ao TJ fluminense.

À reportagem, a defesa afirmou que a decisão “restabelece a liberdade e dá espaço a única presunção existente no Direito: a de inocência”.

A operação que mirou MC Poze do Rodo foi conduzida pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes. A Polícia Civil o investiga por apologia ao crime e suposto envolvimento com o Comando Vermelho, facção que domina parte do tráfico de drogas no Rio. Após audiência de custódia, a Justiça havia decidido manter por 30 dias a prisão temporária do cantor.

Segundo a Polícia Civil, Poze do Rodo realizou shows em comunidades dominadas pelo Comando Vermelho, com presença ostensiva de homens armados, além de ter composições que exaltariam a facção. A defesa nega qualquer envolvimento com o crime e afirma que a prisão se baseava apenas em “indícios” e na tentativa de criminalizar sua obra.

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Last Update: 02/06/2025