Na manhã do último sábado (31), a Polícia Federal (PF) anunciou a apreensão inédita de uma embarcação semissubmersível na região da Ilha do Marajó, no Pará. O artefato seria utilizado para transportar cocaína para a Europa.

A apreensão foi resultado de uma investigação conjunta entre a PF, a Força Aérea Brasileira (FAB), a Marinha e — este é o dado mais importante — agências de inteligência de Portugal, Espanha e dos Estados Unidos, incluindo a famigerada DEA (Drug Enforcement Administration), conhecida por sua longa história de intervenções ilegais e espionagem nos países latino-americanos.

Segundo a PF, a embarcação teria sido construída na mesma região do Marajó onde foi localizada, e é semelhante a um outro modelo apreendido em março deste ano, nas águas de Portugal. Na ocasião, cinco pessoas foram presas — três delas brasileiras — transportando quase sete toneladas de cocaína. A conexão entre os dois casos foi estabelecida por meio de “compartilhamento de informações de inteligência” com as agências estrangeiras.

O que está por trás dessa operação, alardeada pela imprensa tradicional como um feito heroico da PF, é na verdade a ampliação do controle estrangeiro sobre o aparato de segurança nacional. O chamado “combate ao narcotráfico” é, há décadas, um dos cavalos de Troia utilizados pelo imperialismo, especialmente norte-americano, para justificar sua presença e sua ingerência sobre os países da América Latina.

Assim como fizeram na Colômbia, no México, no Peru e em tantos outros lugares, os EUA utilizam a DEA como instrumento de penetração política, militar e econômica, sempre sob o disfarce de ajuda internacional. A colaboração “multilateral” é, na prática, um mecanismo de submissão: o Brasil abre as portas de sua soberania para que estrangeiros ditem o rumo das investigações, das prisões e até das legislações futuras.

Não é coincidência que essas operações estejam se tornando mais frequentes justamente em um momento em que o país vive sob a escalada da repressão interna e o fortalecimento do aparato policial. Ao mesmo tempo que artistas como MC Poze são presos por “apologia ao crime”, o Estado se alinha aos interesses das potências estrangeiras e aceita transformar o território nacional em laboratório da repressão imperialista.

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Last Update: 02/06/2025