Claudia Tavares Hoeckler em vídeo antes de se entregar. Foto: reprodução

A pedagoga Cláudia Fernanda Tavares, de 43 anos, foi presa no último sábado (31) em Santa Catarina após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) revogar seu direito de aguardar o julgamento em liberdade. Ela confessou ter assassinado o marido, Valdemir Hoeckler, 52, em novembro de 2022, e escondido o corpo em um freezer por cinco dias em Lacerdópolis, no interior do estado.

Em entrevistas, ela revelou uma vida marcada por abandono e violência desde a infância. Nascida em Chapecó, filha de uma garota de programa de 16 anos, foi criada por uma desconhecida até os 12 anos. “Eu sonhava em ter uma família normal”, contou emocionada em seu depoimento na época do crime, lembrando como imaginava o pai esperando-a no portão da escola encontro que nunca aconteceu.

Aos 17 anos, iniciou um relacionamento com Valdemir, então com 29. “Eu me senti protegida”, disse sobre o início do namoro, que logo se revelou abusivo. Mesmo após descobrir que ele era casado e tinha três filhos, continuou o relacionamento, engravidando pouco depois. Expulsa de casa pela mãe, quase entregou a filha para adoção, mas desistiu ao segurar a bebê nos braços pela primeira vez.

Valdemir Hoeckler e Cláudia Tavares Hoeckler – Foto: Reprodução

Por mais de 20 anos, Cláudia suportou o que descreve como um “inferno”: agressões físicas e psicológicas, controle obsessivo e ameaças de morte. “Ele tinha cuidado de bater onde não aparecesse”, relatou. Em 2019, chegou a pedir medida protetiva, mas voltou atrás após reconciliação.

O assassinato ocorreu em novembro de 2022, quando Valdemir a teria ameaçado de morte por querer viajar com colegas de trabalho. “Já que alguém vai morrer, então que seja você”, disse ter pensado antes de administrar remédios para dormir e asfixiar o marido com uma sacola plástica.

A defesa, que vai recorrer da prisão, argumenta que Cláudia agiu em legítima defesa após décadas de violência. “Ela matou para não morrer”, afirmou o advogado Matheus Molin. Antes de se entregar, a pedagoga declarou: “Como da outra vez eu me entreguei, dessa vez também eu vou me entregar, e que a justiça seja feita”.

 

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Last Update: 02/06/2025