Durante o ato comemorativo dos 80 anos da Federação Sindical Mundial (FSM), realizado em 2025, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) marcou presença com uma intervenção contundente de Carlos Müller, secretário adjunto de Relações Internacionais da Central. Representando o presidente da CTB, Adilson Araújo, Muller saudou a direção da FSM e homenageou a trajetória de luta da entidade, nascida em 1945 em meio aos escombros da Segunda Guerra Mundial, como expressão da resistência e organização da classe trabalhadora em escala global.
Ao saudar o Secretário-Geral da FSM, Pambis Kyritsis, e o presidente Mzwandile Michael Makwayiba, Müller destacou que a celebração dos 80 anos da FSM é mais que um tributo à história: é um chamado urgente à ação diante dos desafios do presente.
“O capitalismo continua a gerar guerras, desigualdade e colapso ambiental. Mas a resistência está crescendo”, afirmou, apontando o papel central da FSM na articulação dessa resistência em defesa dos povos e dos trabalhadores.
Carlos Müller denunciou o uso sistemático de sanções econômicas por parte das potências imperialistas, classificando-as como “atos de guerra econômica” contra países soberanos como Cuba, Venezuela, Irã, Zimbábue e, especialmente, o povo palestino em Gaza. Para ele, essas medidas não têm nada de democráticas e precisam ser rejeitadas pelo movimento sindical internacional.
O dirigente também fez um diagnóstico crítico da realidade brasileira, observando que, apesar da eleição de um governo progressista com Luiz Inácio Lula da Silva, o capital financeiro e o agronegócio continuam ditando a agenda no Congresso Nacional. “Resistimos com unidade, organização e uma clara perspectiva de classe”, afirmou.
Müller reiterou o alinhamento da CTB com a plataforma política da FSM, defendendo bandeiras como:
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A luta contra a guerra, o racismo e a ocupação colonial;
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O controle dos trabalhadores sobre os recursos e políticas nacionais;
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A soberania alimentar, igualdade de gênero e justiça climática;
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E a solidariedade internacional entre os povos.
Ao abordar o cenário geopolítico, apontou o bloco BRICS como um possível contraponto à hegemonia do G7. Ainda que o BRICS não seja necessariamente progressista, segundo Müller, pode abrir caminhos para relações internacionais mais equilibradas. “Nós, como sindicalistas, devemos garantir que este espaço seja preenchido com as vozes dos trabalhadores”, defendeu.
A intervenção foi encerrada com uma conclamação à continuidade da luta classista e internacionalista:
“Oitenta anos da FSM significam oitenta anos de luta de classes e internacionalismo. Renovemos nosso compromisso com este caminho – com maior clareza, unidade e força.”
Confira o discurso de Müller na íntegra!
Intervenção 80 Anos da FSM Sindicalismo Classista (1945-2025)