O ataque japonês a Porto Arthur (atual Luixum, na China) no dia 8 de fevereiro de 1904 foi um dos episódios mais importantes da Guerra Russo-Japonesa (1904-1905) e marcou a primeira grande batalha naval do conflito. Esse ataque surpresa, ocorrido antes de uma declaração formal de guerra, refletia a estratégia japonesa de neutralizar a frota russa no Pacífico logo no início das hostilidades.
No final do século XIX, Rússia e Japão estavam em intensa competição pela influência na Manchúria e na Coreia, regiões estrategicamente importantes. O Japão, que havia se modernizado rapidamente após a Restauração Meiji (1868), via a presença russa como uma ameaça direta ao seu plano de expansão territorial.
A situação se agravou em 1895, após a Primeira Guerra Sino-Japonesa, quando o Japão forçou a China a ceder a Península de Liaodong, onde Porto Arthur estava localizado. No entanto, sob pressão da Rússia, França e Alemanha (a chamada Intervenção Tripla), o Japão foi obrigado a devolver o território. Pouco depois, em 1898, a Rússia arrendou a península da China e transformou Porto Arthur em uma poderosa base naval, reforçando sua presença militar na Ásia.
Nos anos seguintes, o Japão tentou negociar um acordo, propondo que a Rússia mantivesse a Manchúria enquanto o Japão dominava a Coreia. No entanto, os russos não responderam favoravelmente, subestimando a capacidade militar japonesa. Com as negociações fracassadas, o Japão decidiu agir militarmente.
Na noite de 8 para 9 de fevereiro de 1904, a Marinha Imperial Japonesa, sob o comando do Almirante Heihachirō Tōgō, lançou um ataque surpresa contra a Frota Russa do Pacífico, que estava ancorada em Porto Arthur.
Ao amanhecer do dia 9 de fevereiro, a esquadra japonesa realizou um segundo ataque, desta vez bombardeando a base naval. Durante três horas, os encouraçados japoneses atiraram contra as defesas russas e contra os navios ancorados. No entanto, devido a problemas de visibilidade e ao fogo de artilharia russo, os danos foram limitados.
Embora o ataque não tenha destruído completamente a frota russa, ele desorganizou as defesas de Porto Arthur e impediu que os russos reagissem de forma eficiente nos primeiros meses da guerra.
Após o ataque inicial, o Japão bloqueou Porto Arthur por mar e iniciou uma campanha terrestre para cercar a cidade. A ofensiva terrestre começou em agosto de 1904, quando tropas japonesas, comandadas pelo General Maresuke Nogi, lançaram sucessivos ataques contra as fortificações russas ao redor da cidade.
Os russos ofereceram uma resistência feroz, transformando Porto Arthur em um campo de batalha brutal. Entre agosto e dezembro de 1904, os japoneses sofreram perdas pesadas em ataques frontais contra as fortalezas russas. No entanto, a artilharia japonesa, incluindo poderosos canhões de cerco, começou a enfraquecer as defesas.
O ponto decisivo ocorreu em dezembro de 1904, quando os japoneses capturaram o Monte 203, uma colina estratégica com vista para a base naval. A partir dessa posição, os canhões japoneses começaram a bombardear os navios russos dentro do porto, forçando os sobreviventes a afundar suas próprias embarcações.
Em 2 de janeiro de 1905, o comandante russo, General Anatoly Stessel, percebeu que a resistência era inútil e se rendeu. Porto Arthur caiu para os japoneses, marcando uma das maiores derrotas da Rússia na guerra.