Uma pesquisa PoderData realizada entre 25 e 27 de janeiro de 2025 mostra que 74% dos brasileiros acreditam que existe preconceito contra homossexuais no país. Esse é o maior percentual registrado desde que a pergunta começou a ser feita, em janeiro de 2021, quando 68% dos entrevistados compartilhavam dessa visão.
A pesquisa também indica que 20% dos entrevistados não enxergam a presença de homofobia no país, enquanto 6% não souberam responder. O patamar dos que negam a existência do preconceito recuou quatro pontos percentuais desde junho de 2022, quando atingiu 24%.
A percepção de preconceito é majoritária em todos os recortes demográficos, incluindo eleitores de ambos os lados do espectro político. Entre os que votaram em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições de 2022, a maioria reconhece a existência de homofobia no país.
Apoio ao casamento homoafetivo cresce, mas ainda divide opiniões
O estudo também revelou que 48% dos brasileiros são favoráveis ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, um aumento de 2 pontos percentuais em relação a janeiro de 2024. Por outro lado, 42% se declaram contrários à união homoafetiva, com uma oscilação de 1 ponto para cima no mesmo período. Outros 10% não souberam responder.
O apoio ao casamento homoafetivo é maior entre adultos de 25 a 44 anos (55%), moradores da região Sudeste (56%), pessoas com ensino superior (59%) e aqueles que recebem mais de 5 salários mínimos (61%). Já a rejeição é mais forte entre pessoas de 45 a 59 anos (51%), idosos com 60 anos ou mais (50%) e moradores das regiões Centro-Oeste (66%) e Norte (54%).
Divisão política sobre o tema
A pesquisa cruzou as respostas sobre o apoio ao casamento homoafetivo com a declaração de voto no segundo turno das eleições de 2022. Entre os eleitores de Lula, 63% apoiam a união entre pessoas do mesmo sexo, enquanto 31% são contrários. Já no grupo que votou em Bolsonaro, 53% se opõem ao casamento homoafetivo, e 35% são favoráveis.
Essa divisão reflete a polarização política no país e a influência de discursos conservadores e progressistas sobre questões de direitos LGBTQIA+. Enquanto o governo Lula tem adotado uma postura mais inclusiva, parte da base bolsonarista mantém uma visão conservadora sobre o tema.
Contexto social e desafios
O aumento na percepção de homofobia ocorre em um contexto de maior visibilidade das pautas LGBTQIA+ e de debates acalorados sobre direitos civis. Apesar dos avanços legais, como a aprovação do casamento homoafetivo pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2011, a comunidade LGBTQIA+ ainda enfrenta desafios significativos, incluindo violência e discriminação, sem qualquer avanço no Legislativo.
Dados do Grupo Gay da Bahia (GGB) mostram que o Brasil continua sendo um dos países mais perigosos para pessoas LGBTQIA+, com altos índices de assassinatos e agressões. A pesquisa PoderData reforça a necessidade de políticas públicas e campanhas de conscientização para combater o preconceito e promover a inclusão.
Avanços e resistências
A pesquisa PoderData revela um cenário complexo no Brasil: enquanto a maioria reconhece a existência de homofobia, o apoio ao casamento homoafetivo ainda divide a população. A polarização política e as diferenças geracionais e regionais destacam os desafios para a construção de uma sociedade mais inclusiva.
Metodologia:
A pesquisa PoderData foi realizada com 2.500 entrevistas em 219 municípios, entre 25 e 27 de janeiro de 2025. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%. As entrevistas foram feitas por telefone, utilizando o sistema URA (Unidade de Resposta Audível).