Na última terça-feira (27), completaram-se 600 dias do genocídio perpetrado por “Israel” contra os palestinos na Faixa de Gaza. O genocídio começou após a ação militar realizada em 7 de outubro de 2023 pelo Movimento de Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe) e outras organizações da Resistência Palestina, a revolucionária Operação Dilúvio de Al-Aqsa.

Durante a ação, os combatentes palestinos eliminaram mais de 300 militares das forças de ocupação, bem como agentes da repressão israelenses. No dia, em sua tentativa de impedir que o Hamas e demais organizações levassem prisioneiros de guerra, as forças israelenses de ocupação se utilizaram do Protocolo Aníbal, atirando e bombardeando os próprios israelense, assassinando centenas. 

A ação revolucionária da Resistência expôs a fraqueza militar e a decadência política de “Israel”, desmoralizando-a como nunca antes, bem como desmoralizando o imperialismo, que sustenta a entidade sionista. De forma que o Dilúvio de Al-Aqsa desencadeou uma nova etapa da Revolução Palestina.

Na tentativa de sufocar em sangue a revolução, “Israel” desencadeou o genocídio, através de bombardeios diários contra a população civil de Gaza, bem como de um bloqueio total contra o enclave.

Completados 600 dias de genocídios, os ataques criminosos de “Israel” já assassinaram mais de 54.056 mil palestinos, ferindo mais de 123.129. Ainda, mais de 10 mil palestinos permanecem sob os escombros dos prédios demolidos pelos bombardeios israelenses, a maioria dos quais provavelmente já estão mortos.

Estes são os números oficiais, fornecidos pelo Ministério da Saúde de Gaza que, graças à destruição provocada pelos israelenses, não dispõe de infraestrutura suficiente para saber o verdadeiro número de mortos.

Sobre isto, recentemente foi publicado estudo na revista médica britânica The Lancet em que se estima que o número real de mortes diretas (aquelas decorrentes dos bombardeios e demais ações militares de “Israel”) em Gaza pode chegar a 110 mil. Outro estudo já havia sido publicado na mesma revista, em meados de 2024, que estimou que o número total de mortes, incluída as indiretas (decorrentes da fome, de doenças etc.) seria, já aquela época, de cerca de 186 mil.

Considerando que já se passou quase um ano desde então, é provável que o genocídio perpetrado por “Israel” já ceifou a vida de mais de 200 mil palestinos, isto é, mais de 10% da população de Gaza.

Durante todo o período, as máquinas de propaganda do sionismo e do imperialismo (incluindo a imprensa venal que está no bolso dos países imperialistas) propagaram inúmeras calúnias contra o Hamas, com a finalidade de justificar o genocídio. Todas as mentiras, tais como as de estupros em massa e bebês decapitados, foram desmascaradas.

E, à medida que “Israel” deu continuidade ao genocídio, e que o Hamas, demais organizações da e o povo palestino seguiram resistindo, os sionistas foram sendo desmascarados como os verdaderios criminosos, assassinos de bebês palestinos e estupradores de homens e mulheres palestinos prisioneiros.

Desmascarar “Israel” e o sionismo, expondo-os para sempre sua natureza fascista e genocida, foi a primeira grande vitória da Resistência Palestina.

A segunda vitória ocorreu já em novembro de 2023. Após fracassos militares de “Israel” ao realizar invasão terrestre da Faixa de Gaza, a qual resultou em inúmeros mortos e feridos nas fileiras das forças de ocupação; bem como em razão dos protestos em favor da Palestina por todo o mundo, especialmente em países imperialistas, “Israel” e o imperialismo foram forçados a aceitar um cessar-fogo com o Hamas.

Após seis dias, “Israel” se utilizou de pretextos para abandonar as negociações para um cessar-fogo definitivo, e retomou os ataques contra Gaza. 

O genocídio continuou durante todo o ano de 2024 e início de 2025, período durante o qual incontáveis massacres foram perpetrados pelos israelenses. Dentre eles, um dos que ganhou destaque foi o Massacre da Farinha, em 29 de fevereiro de 2024, quando tropas das forças de ocupação atiraram contra palestinos que aguardavam receber farinha de um caminhão de ajuda humanitária. O ataque criminosos assassinou mais de 118 palestinos e feriu pelo menos 760.

A continuidade e intensificação do genocídio viu como resposta o aumento dos protestos mundiais. Em abril de 2024, nos países imperialistas (principalmente nos Estados Unidos), a juventude intensificou os protestos em favor da Palestina com a ocupação de dezenas de universidades. As ocupações duraram até julho, e foram reprimidas com extrema violência por parte do aparato de repressão do imperialismo. Nos Estados Unidos, essa repressão resultou na prisão de mais de 3.100 manifestantes, bem como deixou hospitalizados mais de 25.

Apesar de protestos por todo o mundo, “Israel” continuou perpetrando o genocídio, com apoio dos EUA e demais países imperialistas, bem como com a conivência e negligência de quase todos os países árabes. O povo palestino só pode contar com o Hamas, demais organizações da Resistência Palestina e do Eixo da Resistência.

O Eixo da Resistência, formado por Irã, Iêmen, Hesbolá prestou auxílio fundamental em apoio à Palestina. 

A partir do Líbano, o Hesbolá realizou, de outubro de 2023 a dezembro de 2024, milhares de ações militares contra os territórios ocupados ilegalmente por “Israel”. Utilizando-se de foguetes, mísseis e VANTs (drones), o partido revolucionário libanês fez com que cerca de 200 mil colonos israelenses ilegais fugissem de assentamentos no norte de “Israel”, provocando profunda crise econômica na região. 

Grande parte dos ataques do Hesbolá sobrecarregaram e destruíram parte dos sistemas de defesa de “Israel”, o que permitiu ao partido realizar ações contra Telavive, a capital “israelense” e entorno, atingindo importantes bases militares e de espionagem.

Sem conseguir parar militarmente os combatentes da Resistência Islâmica (ala militar do Hesbolá), “Israel” recorreu a ataques terroristas e à política de assassinatos. Em setembro de 2024, explodiu bombas escondidas em pagers e comunicadores portáteis, na tentativa de atingir militantes do Hesbolá. Este ataque criminoso acabou atingindo civis em sua maioria, assassinando 42 e ferindo mais de 3.500.

No fim deste mesmo mês, com ajuda das agências de espionagem do imperialismo, “Israel” realizou mais um ataque criminoso contra o Líbano, assassinando o líder revolucionário do Hesbolá, Hassan Nasseralá, e outros dirigentes.

Apesar disto, o Hesbolá intensificou suas ações contra a entidade sionista, as quais continuaram até o fim de novembro de 2024, quando, após repelir invasão sionista contra o sul do Líbano, um acordo de cessar-fogo entre o partido e “Israel” foi firmado. Mais uma vitória acachapante da resistência

Foi quando o Iêmen assumiu o protagonismo, no âmbito do Eixo da Resistência, das ações militares em apoio à palestina.

Desde outubro de 2023, as Forças Armadas do Iêmen, sob o comando do partido revolucionário Ansar Alá, vinham realizando bloqueio marítimo no Mar Vermelho contra embarcações sionista e, eventualmente, as de países imperialistas, ação que fez com que o apoio do imperialismo a “Israel” aprofundasse a crise econômica dos próprios países imperialistas.

Mantendo o bloqueio, o Iêmen realizou inúmeros ataques contra os territórios ocupados por “Israel”, utilizando mísseis balísticos e VANTs.

A respeito da ação revolucionária do Eixo da Resistência em apoio à Palestina, destaca-se ainda as ações militares do Irã no ano de 2024. Através das Operações Promessa Cumprida I e II, o país persa se colocou efetivamente como um poder de dissuasão no Oriente Próximo, tanto contra “Israel”, como contra o imperialismo.

Paralelamente a isto, os combatentes das Brigadas al-Qassam (ala militar do Hamas), bem com das outras organizações da Resistência, seguiram combatendo, durante todo 2024, os invasores israelenses.

Assim como fez no Líbano, sem conseguir derrotar a Resistência através do combate militar, “Israel” recorreu aos assassinatos das lideranças. Em julho, assassinou Ismail Hanié, então líder do birô político do Hamas, quando ele estava no Irã. No entanto, seu assassinato fez o partido revolucionário intensificar a luta contra sionismo: Iahia Sinuar, um dos arquitetos da Operação Dilúvio de al-Aqsa, foi escolhido líder do Hamas.

Sinuar foi assassinado em outubro de 2024. Contudo, sua morte apenas mostrou o quão revolucionário são o Hamas e os combatentes Al-Qassam: Sinuar foi morto em combate, na Faixa de Gaza. Filmagens mostram o lendário Sinuar lutando até o último suspiro, tentando derrubar o VANT sionista que o filmava. Entrou para a história como um dos maiores revolucionários de todos os tempos.

Isto desmascarou calúnias contadas pelo imperialismo e pelo sionismo a seu respeito, de que ele somente ficava escondido, se cercando dos prisioneiros palestinos. Vídeos posteriores divulgados pela emissora Al Jazeera apenas confirmaram que Sinuar, mesmo na liderança do Hamas, sempre esteve em campo, combatendo ao lado dos demais palestinos, mesmo sabendo que sua morte era quase certa.

Apesar do assassinato destes líderes e outros, os combatentes do Hamas intensificaram a luta contra os invasores sionistas.

Eventualmente, foi publicado na imprensa israelenses que o número de membros de famílias israelenses enlutados já era de quase 6.000, expondo que o número real de sionistas eliminados pela Resistência é significativamente maior do que o oficialmente divulgado. 

Foi igualmente noticiado que dezenas de milhares de israelenses foram feridos ou desenvolveram problemas psicológicos e psiquiátricos em função da guerra fracassada de “Israel” contra a Resistência e o Eixo da Resistência.

Diante dessa situação de crise, e com a eleição de Donald Trump, o Hamas fez “Israel” e o imperialismo capitularem novamente: um novo cessar-fogo foi firmado, entrando em efeito em 19 de janeiro de 2025. Mais uma gigantesca vitória do Hamas e da Resistência, agravando ainda mais a crise do sionismo e do imperialismo.

Em troca de prisioneiros israelenses, o Hamas conseguiu a libertação de milhares de palestinos dos cárceres sionistas, bem como a cessação dos bombardeios e a entrada parcial de ajuda humanitária.

Para tentar compensar a derrota, “Israel” intensificou seus ataques contra a Cisjordânia, lançando uma nova ofensiva contra o povo palestino e as organizações da Resistência na região, ofensiva que foi precedida de ataques das forças de repressão da Autoridade Palestina contra a Resistência.

A mesma política de limpeza étnica aplicada em Gaza também passou a ser aplicada sistematicamente na Cisjordânia, focando seus ataques nas cidades e campos de refugiados de Jenin e Tulcarém. Até o momento, a ofensiva já resultou na destruição de centenas de propriedades palestinas e na expulsão de dezenas de milhares de palestinos de suas casas. Desde outubro de 2023, quase 1.000 palestinos foram assassinados na Cisjordânia.

Além disso, “Israel”, novamente mostrando o quão criminoso e genocida é, rompeu unilateralmente o cessar-fogo em 18 de março, retomando os bombardeios contra Gaza. Já no dia 2 daquele mês, a entidade sionista havia retomado o bloqueio completo contra o enclave, impedindo a entrada de comida e de bens necessários para a sobrevivência do povo palestino.

Desde então, a fome se generalizou em Gaza, e mais de 300 palestinos já morreram de fome ou de efeitos da falta de nutrição adequada. No mesmo sentido, a fome causada por “Israel” já resultou em mais de 300 abortos espontâneos.

Por ocasião dos 600 dias do genocídio, o Hamas publicou a seguinte nota, denunciando os crimes de “Israel” e do imperialismo, e chamando por um “movimento global sustentado até que esse massacre seja imediatamente interrompido”. Leia na íntegra a nota do Hamas:

“Seiscentos dias de agressão, genocídio e fome… Conclamamos por um movimento global contínuo até que esse massacre seja imediatamente interrompido.

Que os próximos dias — sexta-feira, sábado e domingo (30 e 31 de maio e 1º de junho) — sejam dias de fúria global até que cessem o genocídio e a fome contra civis, crianças e mulheres.

Valorizamos o movimento global em apoio a Gaza e aos direitos do nosso povo, e conclamamos ao aumento da pressão por todos os meios para deter a agressão e a fome. Que as vozes se elevem em alto e bom som contra a ocupação e em solidariedade com a Faixa de Gaza.

Enquanto a ocupação continua sua agressão brutal contra a Faixa de Gaza, intensificando sua guerra de genocídio e fome contra civis desarmados, crianças e mulheres por seiscentos dias, em flagrante violação de todas as normas e leis internacionais, dos princípios divinos e em arrogante desprezo por todas as resoluções da ONU e pelas posições dos Estados que condenaram seus crimes e exigiram o fim da agressão; nós, do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), renovamos nosso apelo às massas da nossa nação, aos povos livres do mundo, às pessoas de consciência e aos organismos e instituições internacionais, para que continuem e intensifiquem todas as formas de mobilização global nas cidades e praças do mundo contra a agressão, o genocídio e a fome impostos ao nosso povo na Faixa de Gaza.

Que os próximos dias — sexta-feira, sábado e domingo (30 e 31 de maio e 1º de junho) — sejam dias de fúria global, com manifestações, marchas e vigílias de massa em todas as cidades e praças públicas do mundo, com vozes elevadas denunciando e rejeitando os crimes e a guerra de genocídio e fome contra o nosso povo, e em apoio e solidariedade com Gaza, com Al-Quds (Jerusalém) e com a abençoada Mesquita de Al-Aqsa.

Movimento de Resistência Islâmica (Hamas)

Terça-feira, 29 de Dhu al-Qi’dah de 1446 A.H.”

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Last Update: 29/05/2025