Durante o outono e o inverno, é comum haver um aumento nos casos de doenças respiratórias entre as crianças. Entre as mais preocupantes está a bronquiolite, uma inflamação que atinge os bronquíolos — pequenas vias aéreas localizadas nos pulmões.
Essa condição é, na maioria das vezes, provocada por vírus, sendo o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) o principal responsável. Segundo dados da Secretaria de Atenção Primária à Saúde, ele está associado a cerca de 80% dos casos registrados.
A doença afeta principalmente bebês com menos de dois anos, podendo evoluir para quadros graves que exigem internação hospitalar. “A bronquiolite é uma infecção viral que provoca inflamação e estreitamento das vias aéreas, dificultando a respiração e, por consequência, a chegada de oxigênio nos pulmões. Ela afeta especialmente crianças pequenas, que ainda têm o sistema imunológico imaturo”, explica Débora Frois, coordenadora da UTI Pediátrica do Hospital e Maternidade São Luiz Campinas.
Abaixo, confira 5 dicas para proteger as crianças da bronquiolite no inverno!
1. Tosse, cansaço e respiração acelerada são sinais de alerta
Muitos pais confundem os sintomas iniciais com um simples resfriado. No entanto, a bronquiolite pode evoluir rapidamente e apresenta maior taxa de mortalidade entre os pequenos.
“Fique atento a sinais como dificuldade para respirar, respiração ruidosa, peito ‘retraído’, cansaço excessivo, recusa para mamar e lábios ou rosto com coloração azulada. Esses sinais indicam agravamento e precisam de atendimento médico imediato”, reforça a pediatra Débora Frois.
2. Bebês saudáveis também estão vulneráveis
Mesmo crianças sem doenças crônicas podem desenvolver bronquiolite. “Embora condições como prematuridade ou problemas pulmonares aumentem o risco, qualquer bebê pode ser afetado, principalmente se estiver exposto a ambientes fechados, aglomerações e mudanças bruscas de temperatura”, alerta Débora Frois.

3. Tratamento exige orientação médica
Não existe um remédio específico para curar a bronquiolite, e a automedicação pode agravar o quadro. “O tratamento inclui repouso, hidratação, lavagem nasal com soro fisiológico e, em alguns casos, o uso de broncodilatadores ou oxigenoterapia. Se houver infecção bacteriana associada, o médico pode prescrever antibióticos. Mas é fundamental que os pais não administrem medicamentos sem orientação médica”, explica a especialista.
Ainda de acordo com a Secretaria de Atenção Primária à Saúde, estima-se que uma em cada cinco crianças infectadas pelo VSR necessite de atendimento ambulatorial, enquanto uma em cada 50 seja hospitalizada no primeiro ano de vida.
4. Ambientes fechados e secos favorecem o contágio
Com as temperaturas mais baixas, é comum manter janelas fechadas e permanecer por mais tempo em locais sem ventilação, o que aumenta a proliferação de vírus.
“O ar frio e seco irrita as vias respiratórias e favorece a disseminação de vírus, como o VSR. Manter os ambientes arejados, evitar fumaça de cigarro e higienizar as mãos com frequência são atitudes que ajudam a reduzir o risco de infecções”, orienta a médica.
5. Vacinas são aliadas poderosas
Manter a caderneta de vacinação em dia é essencial para prevenir infecções respiratórias graves, como pneumonia, coqueluche e sarampo — doenças que também podem agravar quadros de bronquite e bronquiolite.
“O nirsevimabe, anticorpo monoclonal que fornece proteção imediata contra o VSR, é uma nova ferramenta importante na prevenção, já que bloqueia a entrada do vírus nas células”, explica a médica do São Luiz Campinas. O imunizante está disponível na rede privada e foi incorporado recentemente ao Sistema Único de Saúde (SUS) para públicos específicos.
6. Cuidados desde os primeiros sintomas
A bronquiolite tem maior incidência entre os meses de abril e agosto, quando a temperatura costuma ser mais baixa. Identificar os sinais e agir rapidamente pode evitar complicações sérias. “O rápido enfrentamento e a terapia correta garantem a recuperação e evitam pioras. Não espere a situação se agravar para buscar ajuda médica”, finaliza Débora Frois.
Por Samara Meni