A leucemia é o décimo tipo de câncer mais comum entre os brasileiros, sem considerar os tumores de pele não melanoma, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). O órgão estima que, somente neste ano, 11.540 novos casos da doença serão diagnosticados.
A leucemia afeta as células brancas do sangue, que passam a se proliferar de forma desordenada na medula óssea, substituindo as células sanguíneas saudáveis. Isso pode levar à anemia, à neutropenia e à plaquetopenia. Essas células anormais também migram para a corrente sanguínea, podendo causar leucocitose e infiltração em órgãos como o fígado e o baço.
Classificação da leucemia
A doença é classificada em aguda e crônica, de acordo com a sua progressão. As leucemias agudas são mais agressivas. Evoluem de forma mais rápida e os sintomas aparecem em poucas semanas. “Os pacientes apresentam fadiga, astenia, febre, infecção e sangramento. Uma vez definido o diagnóstico, o tratamento quimioterápico deve ser iniciado prontamente”, explica a hematologista Renata Lyrio, da Oncologia D’Or.
As leucemias crônicas são doenças indolentes e insidiosas. Os sintomas podem levar de meses a anos para se manifestar. Muitos pacientes somente têm o diagnóstico após realizar um exame de rotina que evidencie leucocitose; nos casos mais avançados, podem apresentar, além da leucocitose, anemia e linfonodos, fígado e baço aumentados.
Leucemias mieloides e linfoblásticas
A doença pode se desenvolver em dois tipos de células. Uma delas é a célula mieloide, que forma a medula óssea e produz os glóbulos brancos, as plaquetas e as hemácias. A outra é a célula linfoide, que constitui o sistema linfático, responsável pela defesa do organismo.
O diagnóstico da Leucemia Mieloide Aguda (LMA) e da Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) exige a realização de exame de medula óssea com coleta de material para imunofenotipagem de medula óssea e análise genética. Já o diagnóstico da Leucemia Mieloide Crônica (LMC) e Leucemia Linfocítica Crônica (LLC) pode ser realizado pela coleta de sangue periférico.
Tratamento para a leucemia
O tratamento depende do tipo da leucemia e da idade do paciente. Nas agudas, o mais comum é a quimioterapia. Pessoas jovens ou com doenças de alto risco genético podem precisar do transplante alogênico de medula óssea, que consiste na retirada de células-tronco de um doador para serem transplantadas no paciente.
Nas leucemias crônicas, o tratamento consiste em terapia-alvo, um medicamento que atinge um ou mais pontos específicos do organismo. Esta terapia apresenta boa efetividade, sendo menos tóxica que a quimioterapia convencional.

Mitos e verdades sobre a leucemia
As leucemias ainda geram muitas dúvidas na população. Por isso, a seguir, a hematologista Renata Lyrio esclarece alguns mitos e verdades sobre a doença. Confira!
1. A anemia causa leucemia
Mito. A anemia não causa nem vira leucemia. A leucemia é uma doença do sangue, na qual a medula óssea produz células sanguíneas anormais. Já a anemia é uma condição que ocorre quando há uma redução na quantidade de glóbulos vermelhos.
2. Leucemia só causa sintomas quando está em estágio avançado
Verdade. Os sintomas inicialmente são leves e se agravam com o decorrer do tempo, podendo ser confundidos com doenças comuns, como viroses. Cansaço excessivo, palidez, febre persistente, sangramento e manchas pelo corpo são sinais de alerta.
3. Se não há histórico familiar, não há risco
Mito. A maioria dos casos de leucemia não está ligada a fatores hereditários. Qualquer pessoa pode desenvolver a doença.
4. O tratamento sempre causa queda de cabelo e muitos efeitos colaterais
Mito. Os efeitos colaterais variam conforme o tipo de leucemia e o protocolo utilizado. Nem todos os tratamentos causam queda de cabelo. Existem terapias mais modernas, mais eficazes e com menos efeitos colaterais.
5. Leucemia tem cura
Verdade. Existe tratamento eficaz para todos os tipos de leucemia. Alguns pacientes podem alcançar remissão completa e ganho de sobrevida, enquanto outros ficam curados.
Por Nora Ferreira