Em 22 de março é celebrado o “Dia Mundial da Água”, que incentiva a reflexão sobre a gestão e preservação dos recursos hídricos. Estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1992, a data também destaca a conexão direta entre a água e a saúde pública, ressaltando sua importância na prevenção de doenças e no tratamento de condições relacionadas.
O consumo adequado de água pode ajudar a prevenir uma série de problemas de saúde. O nefrologista Rodrigo Meira, do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), enumera alguns deles:
- Pedras nos rins (cálculos renais): manter uma boa hidratação dilui a concentração de cristais e substâncias precipitantes na urina, reduzindo o risco de formação de cálculos;
- Infecções do trato urinário (ITUs): a ingestão regular de água favorece a micção frequente, ajudando na eliminação de bactérias e outros microrganismos que podem colonizar o trato urinário;
- Constipação intestinal: a água facilita o trânsito intestinal, amolecendo as fezes e colaborando para a regularidade do funcionamento gastrointestinal.
- Enxaquecas e dores de cabeça: em muitos casos, a desidratação pode ser um gatilho para crises dessa natureza; manter a hidratação pode reduzir a frequência e intensidade desses episódios;
- Alterações na pressão arterial: embora a relação seja multifatorial, a hidratação adequada pode ajudar na regulação do volume sanguíneo e na manutenção de uma pressão arterial estável.
Segundo Rodrigo Meira, cinco ações da água no corpo humano explicam tantos benefícios:
- Diluição e eliminação de substâncias: a água reduz a concentração de solutos na urina, o que favorece a prevenção de cristalizações (no caso dos cálculos renais) e auxilia na eliminação de toxinas;
- Estímulo à micção: a ingestão adequada promove a remoção regular de microrganismos e resíduos metabólicos, prevenindo a colonização bacteriana;
- Lubrificação e trânsito intestinal: no trato gastrointestinal, a água ajuda a amolecer o bolo alimentar, facilitando o seu deslocamento e prevenindo a constipação;
- Regulação hemodinâmica: ao manter o volume sanguíneo, a hidratação adequada auxilia na regulação da pressão arterial e na circulação, contribuindo para a saúde cardiovascular;
- Manutenção do equilíbrio térmico: a água tem um papel crucial na termorregulação corporal, o que também colabora para o ótimo funcionamento dos processos metabólicos.

Mantendo a hidratação adequada
O médico ressalta não haver um cálculo “mágico” para a ingestão diária de água. “Não há uma quantidade universal que se aplique a todos, pois ela varia de acordo com fatores como peso, idade, clima, nível de atividade física e condições clínicas específicas”, diz.
Segundo Rodrigo Meira, geralmente pode-se calcular a quantidade de água ideal para uma pessoa com base em seu peso corporal. “Uma recomendação bastante utilizada é a ingestão de aproximadamente 30 a 35 ml de água por quilo de peso corporal. Por exemplo, para uma pessoa de 70 kg, a recomendação ficaria entre 2,1 e 2,45 litros diários”, explica.
Ainda assim, essas diretrizes podem exigir ajustes conforme a situação. “Em situações de maior perda de fluidos (como exercícios intensos ou ambientes de alta temperatura), a necessidade pode ser ainda maior. Tais recomendações gerais, entretanto, devem ser adaptadas a cada paciente, principalmente em casos de condições clínicas que exijam cuidados específicos (como doenças renais)”, afirma.
Além disso, é preciso monitorar algumas questões, como:
- A cor da urina, que deve ter uma coloração clara;
- Sensações de sede;
- Fadiga;
- Considerar o contexto (pessoas que praticam atividades físicas intensas, vivem em ambientes quentes ou têm condições médicas específicas deverão ajustar o consumo de água);
- Buscar uma orientação personalizada (em casos de doenças crônicas ou condições particulares — como insuficiência renal —, o ajuste deve ser feito sob supervisão médica).
A água e o corpo humano
De acordo com Rodrigo Meira, a água é indispensável para a manutenção da vida e da boa saúde, pois compõe grande parte do corpo humano e está presente em todas as células, tecidos e órgãos. Ela atua como ambiente para reações químicas e metabólicas, funcionando como solvente e meio de ação de enzimas.
“Também regula processos fisiológicos desde a digestão até a saúde renal e cardiovascular e mantém a estabilidade eletrolítica, permitindo o transporte e o equilíbrio de eletrólitos essenciais para a condução nervosa e contração muscular”, enumera.
Além disso, conforme o médico, sua lista de importância é ainda mais longa. “Também opera como solvente universal para uma ampla gama de substâncias, facilitando processos e remoções metabólicos e o transporte de nutrientes; controla a temperatura corporal por meio da regulação do calor; faz a pressão osmótica, crucial para o equilíbrio de fluidos entre os compartimentos celulares e extracelulares; possui papel fundamental de lubrificação na proteção e funcionamento das articulações e tecidos moles”, conclui.
Por Tiago Freitas